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O capetão e o pastor

Senhor das moedas alheias vai bancar a fanfarra na Paulista

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto de Arquivo

O pior presidente da história deste país o povo já conhece de longa data. O mais ensaboado, exibicionista, enganador e malandreado dos pastores de ovelhas desgarradas e incautas o povo também sabe quem é. E por que não formam uma dupla sertaneja ou uma chapa para concorrer a síndico e subsíndico da Igreja Retangular do Triângulo Redondo? Porque não vale a pena. Não gera poder, muito menos numerários, cascalhos, caraminguás, valores, cobres, tostões. Simples assim. Na verdade, eles mantêm entre si uma distância apenas regulamentar, pois, embora produzidos por mandiocas diferentes, são farinhas do mesmo saco. São tão próximos que fica difícil saber quem é o farelo e quem é o comedor da “iguaria”.

Antes de continuar, peço vênia aos leitores por conta do samba de uma nota só. Só escreve sobre ele. O que fazer. O problema é que o sujeito de minha narrativa é tão burro (no sentido bíblico da palavra) que, caso tivesse nascido com orelhas um pouco maiores, seria o próprio. Passou 28 anos como deputado federal e quatro como presidente da República e, por conta da repetição de asneiras, parece não ter aprendido nada na principal praça política do país. Na verdade, aprendeu a ser arrogante, prepotente e de uma eloquência pai d’égua e nociva até para o rei dos animais. A misoginia, o racismo, a homofobia são dons patológicos, isto é, são sentimentos mórbidos, doentios e certamente vieram do berço.

Sem conteúdo político, social, ideológico e pessoal, consegue, quando muito, encabrestar a massa ignara, sinônimo de “patriotas”, gente apagada, esquecida, estúpida, ignorante e inculta, entre outros adjetivos. São monturos de obradas, de só sei que nada sei e, mesmo assim, ele não se dá por vencido. Além de sugerir, articular, alinhavar e negociar um golpe de Estado ao vivo e em cores, nosso improdutivo personagem está em um beco sem saída e quer partir para o tudo ou nada. É claro que será nada. Esquecendo (?) que a Polícia Federal o monitora 24 horas por dia e que Xandão sabe até quando não troca a cueca, o “mito” aceitou o convite do pastor Silas Malafaia para um convescote regado a versículos e louvores a Satanás.

No meio desse Big Brother jamais visto, ambos prometem lotar a Avenida Paulista para um grande culto em defesa do Estado Democrático de Direito no próximo dia 25. Mais uma burrice, na medida em que a própria convocação já é uma contradição. Como alguém que trabalhou e sonhou com um golpe militar pode falar em Estado Democrático? Pode para os ignaros, mas nunca para o povo que ainda sabe que a soma de um capitão, um cabo, um soldado e três generais é a perda de liberdade e a perpetuação no poder. Curioso é que a mesma massa estulta e sádica não consegue responder com quantos paus o “mito” fez sua canoa. Projetos e feitos em benefício do Brasil nem pensar.

De inspiração bíblica – ele não está na Bíblia -, o provérbio “quem se mistura com porco farelo come” é autoexplicativo. A locução está relacionada às consequências que algumas companhias podem trazer. Por isso, desde menino aprendi que devemos ter cuidado com quem andamos. Depois da folga no botão, não há lanterneiro que dê jeito. Jair e Malafaia, tudo a ver.

O primeiro acredita que a força do pastor de abestalhados vai salvá-lo da encrenca em que está metido. Acha também que os gritos exagerados dos obreiros da igreja evitarão que ele assista ao Jornal Nacional, de sua amada Globo Lixo, devidamente recolhido a aposentos dignos de quem sempre se achou acima do bem e do mal. O segundo sabe como doutrinar quem vai dizer o que o primeiro quer ouvir. Tomara que as torcidas organizadas de Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos não atrapalhem a fanfarra dos pregadores do abuso.

Pois bem. Aguardemos o convescote do dia 25, cujo custo será do próprio Malafaia e não, como ele tem apregoado, de uma instituição vinculada à sua voluntária igreja. Mais uma vez recorro aos ditados populares para lembrar ao pastor que o maior castigo para os mentirosos é não ser acreditado, nem quando fala a verdade. É uma ignomínia o santo homem afirmar que pagará do seu recheado bolso (e não dos dízimos) os custos do evento programado para defender a democracia

Mas, nobre senhor das moedas alheias, de onde surge a montanha de dinheiro que superlota seus bolsos? Do dízimo, é claro. Então, conforme o versículo 171, combinado com a parábola 208, respeite minha pouca inteligência e não me venha com chorumelas. Pare de criar desculpas esfarrapadas. A mim vosmecê não engana. Portanto, não me faça pegar nojo.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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