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Senhores da guerra no Oriente matam porque têm medo de morrer

Sinônimo de ganância por poder, a guerra é a imposição de uma ordem sobre outra. Nas palavras do filósofo e escritor francês Paul Valéry, é um massacre entre seres que não se conhecem para proveito de pessoas que se conhecem, mas não se massacram. É a vilania comum àqueles que atacam argumentadores porque são incapazes de atacar argumentos. Os senhores da guerra agem como os loucos citados semanticamente pelo poeta e ex-senador chileno Pablo Neruda. Conforme Neruda, eles desejam as escaramuças porque nunca se dão conta de que o conflito destrói a própria lógica da existência humana.

Em síntese, não pensam e, por isso, não sabem o que dizem. Esquecem, por exemplo que uma guerra é a essência da estupidez. E não importam os fundamentos que a justifiquem. As razões de um combate armado são diversas, mas todas baseadas em interesses econômicos, políticos ou religiosos dos envolvidos ou de terceiros. Ou seja, uma guerra também é negócio. O problema é que, na suposta luta do bem contra o mal, sempre sobra para o coitado do soldado e para o pobre do povo desarmado. O que se sabe é que dificilmente há vencedores entre os brigões.

Na prática, toda guerra é um jogo de interesses, a maioria escusos. Empiricamente, no entanto, qualquer tipo de conflito pode ser definido como uma série de catástrofes que eventualmente resultam em queda ou apreensão do inimigo, mas nunca em uma vitória do mais forte. Mesmo que o adversário seja menos poderoso, a derrota física, emocional, financeira ou territorial atingirá a todos. Não tenho expertise no assunto. E nem é preciso para afirmar que ninguém ganhou a última guerra e nem ganhará a próxima. Também é irrelevante saber quem começa uma refrega armada. Relevante é saber quem e como ela será encerrada.

E quem ganha com as guerras? Normalmente as nações militarizadas, as empresas de defesa, o capitalismo, os bilionários fabricantes de armas, o sistema financeiro, a indústria do petróleo, os tecnólogos e os pobres de espírito. Em outras palavras, a fim de evitar concorrência, é um dever quase visceral de determinadas potências o fomento de guerras. Enquanto alguns lucram horrores com o pavor de um conflito, o prejuízo da maioria é a destruição de vidas, de esperanças, de ecossistemas e de patrimônios móveis, imóveis e culturais. Para os que dormem e acordam pensando em como atacar o vizinho incômodo ou chato, nada disso tem valor.

O que realmente interessa é o aniquilamento e a vontade de combater das forças armadas inimigas. Tudo em nome de ganhos territoriais, de vantagens financeiras e, em alguns casos, de vinganças religiosas. Embora os que matam se achem vitoriosos, o pós-guerra é devastador tanto para supostos heróis quanto para assumidos vilões, que são aqueles que optam pela guerra, mas fogem do campo de batalha. Matam, mas se borram de medo de morrer. Esses nos ajudam a entender os defensores da paz, cuja tese vigente é a de que o mais odioso de uma guerra é a paixão que alguns nutrem por ela.

Para os que, como eu, estão longe dos terrenos minados, a guerra é sempre a prova do fracasso e a pior das soluções. Então, tudo deve ser feito para evitá-la. No Brasil, a disputa pela hegemonia ideológica ainda não utiliza mísseis de longo alcance. Por aqui, além de quebrar prédios públicos, só são permitidas farpas venenosas, facadas, cadeiradas e ameaças veladas do crime organizado. Todavia, o ódio de uns pelos outros em nada difere do rancor sangrento entre os que afirmam travar uma guerra santa. Felizmente, o senhor da guerra no Oriente Médio e o líder de um dos extremos brasileiros não representam a totalidade de seus povos. Os que fogem deles têm certeza de que o extremismo não é o caminho para nada.

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