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Espinhos da vida

Sentinela do Sertão, mandacaru resiste às mudanças climáticas

Publicado

Autor/Imagem:
Karolyne Alcântara - Foto de Arquivo

O mandacaru, como uma sentinela do Sertão, finca suas garras na terra rachada, impassível ao sol inclemente e ao vento que carrega os segredos da caatinga. Sua pele espinhenta não pede carinho, pede respeito. E ali fica, altivo, como um soldado da natureza, pronto para enfrentar os avanços impiedosos das mudanças climáticas.

A seca, que espreme a vida dos homens e desafia os bichos, não assusta o mandacaru. Ele já viu chuvas que são milagres, e estiagens que são penitências. Não se desespera: guarda a água em seu corpo, como quem esconde um tesouro. E quando menos se espera, explode em flores alvas, como um suspiro de esperança no silêncio esturricado da terra.

O sertanejo conhece bem esse guerreiro vegetal. É dele que tira sustento, sombra, e até susto quando se aproxima sem cuidado. O gado, faminto, devora-lhe a polpa macia quando o homem, em gesto de gratidão, se dá ao trabalho de queimar-lhe os espinhos. Mas o mandacaru não se queixa, não se dobra. Ele resiste, renasce, cresce de novo, desafiando o tempo e os caprichos do clima.

Hoje, cientistas olham para ele como quem observa um oráculo. Estudam sua resiliência, sua capacidade de sobreviver onde tudo mais se rende. E, enquanto o mundo se debate com a fome de chuva e a fúria do calor, o mandacaru continua ali, de pé, sem alarde, ensinando que a persistência é a última a morrer.

Talvez, no fim das contas, sejamos todos aprendizes do mandacaru. Se ele pode resistir, também podemos. Basta aprender a guardar a esperança como ele guarda a água, florescendo na hora certa, sem pressa, mas sem nunca desistir.

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