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Sérgio Cabral foi o padrinho da corrupção no Rio

Julia Affonso, Mateus Coutinho, Ricardo Brandt e Fausto Macedo

A Procuradoria da República afirmou em manifestação na Operação Saqueador que o “gigantesco esquema de corrupção de verbas públicas” instalado no Rio teve o “apadrinhamento” do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que chefiou o Estado entre 2007 e 2014.

A Operação Saqueador investiga desvios de recursos públicos pela construtora Delta Engenharia, do empresário Fernando Cavendish, antigo aliado de Cabral que está em preso preventivamente.

São réus no processo, além de Cavendish, o contraventor Carlinhos Cachoeira, o lobista Adir Assad e outros 20 investigados.

O documento anexado na ação penal da Saqueador é subscrito pelos procuradores da República Rodrigo Timóteo C e Silva, Eduardo Ribeiro El Hage, Lauro Coelho Júnior, Renato Silva de Oliveira, Leonardo Cardoso de Freitas e pelo procurador regional da República José Augusto Vagos.

“Tal esquema delituoso, como descreve a denúncia, envolveu desvio de verbas destinadas a importantes obras públicas a exemplo da construção do Parque Aquático Maria Lenk, para os Jogos Panamericanos de 2007 e a reforma e construção de Estádios para a Copa do Mundo de 2014 (Maracanã)”, assinalam os procuradores.

“As investigações produziram fortes elementos que apontam para a existência de gigantesco esquema de corrupção de verbas públicas no Rio de Janeiro, que contou, inclusive, com o apadrinhamento do então governador de Estado Sérgio Cabral, conforme se extrai das declarações de colaboradores”, destacamos procuradores.

Segundo a operação, entre 2007 e 2012, a Delta teve 96,3% do seu faturamento oriundo de verbas públicas em um montante de quase R$ 11 bilhões.

Deste total, R$ 370 milhões teriam sido lavados por meio de 18 “empresas” localizadas em endereços onde funcionam consultório de dentista, loja de gesso e onde existe um matagal na beira de estrada. Alguns endereços não existem.

Cavendish, alvo da Saqueador em junho deste ano, negocia acordo de delação premiada sobre supostos pagamentos de propinas a políticos do PMDB e do PSDB relacionados a obras nos governos de São Paulo, Rio e Goiás, além de estatais federais como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e Petrobrás.

Em um trecho da proposta de colaboração, o dono da Delta relata seu relacionamento com Sérgio Cabral e desvios praticados para obter contratos de obras, como a reforma do Estádio do Maracanã, do Parque Aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca, realizado com dispensa de licitação, e da transposição do Rio Turvo.

Na semana passada, o ex-governador admitiu que sua mulher, Adriana Ancelmo, recebeu um anel de presente do Cavendish. A informação foi divulgada em nota enviada ao Estado por sua assessoria, em resposta a reportagem publicada no jornal O Globo De acordo com o jornal carioca, o presente teria custado ao empresário 220 mil euros (cerca de R$ 800 mil) e foi dado quando Cabral exercia o cargo.

Com relação à manifestação da Procuradoria da República, a assessoria de Cabral diz que o ex-governador “repele com veemência” a declaração. “O ex-governador Sérgio Cabral repele com veemência a declaração e manifesta a sua indignação e o seu repúdio ao envolvimento de seu nome com qualquer ilicitude.”

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