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Nova dupla sertaneja

Sérgio Reis “arregou” após incorporar maldição de Wilson Simonal

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso - Especial para Notibras/Foto - Reprodução

O cantor sertanejo Sérgio Reis prometeu parar o país pela volta do voto impresso e pela destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Desmascarado publicamente, após o vazamento de um áudio no melhor estilo Panela Velha, acabou perdido em sua própria Perfídia, sinônimo de falsas amizades e de deslealdade. Me perdoem os fãs que ainda fazem parte do público do artista travestido de político aposentado, mas esse senhor, do alto de seus 81 anos, poderia ter dobrado a dose de Gardenal, numa tentativa de não proferir blasfêmias como a que proferiu. Sim, ao se associar ao golpismo defendido pelo presidente da República, ele acabou insultando e ofendendo a democracia, bem que, para dois terços dos brasileiros é digno de respeito e de reverência.

Pior foi ter esquecido que a maioria do povo, incluindo boa parcela de seus ouvintes, quer soluções para o desemprego, a fome e para o descontrole dos preços dos combustíveis. Se essa é sua Mágoa de Boiadeiro, seja tirano sozinho. Não ponha o Brasil nessa sua estrada esburacada de fim de carreira. Caso tenha medo de se afundar no Pantanal do ostracismo, vá ao Planalto, convide seu ídolo de barro e com ele forme uma nova dupla sertaneja. Tenho uma sugestão de nome: Mito e Vilão. Se não gostou, tenho outra: Tirano e Traidor. Não tenho qualquer simpatia pelo gênero de música que lhe trouxe fama e muito, muito dinheiro. Todavia, já fui simpático às melodias capiras ouvidas lá atrás no rádio Philco a pilhas de minha avó.

Ainda menino cansei de chorar com as histórias tristes das cantigas apropriadas mais recentemente pelo senhor, um pretenso político chamado Sérgio Bavini, também Reis, que, com sua verborragia estilo besteirol, acabou perdendo o restinho da Majestade, o sabiá, conforme escrito na canção de Roberta Miranda. Senhor doutor cantor Sérgio Reis, é uma insensatez imperdoável cultuar o retrocesso da chamada auditagem do voto e vociferar em favor do fechamento da Corte Suprema do país e da prisão de seus membros. Só os fingidos e fariseus atiravam e atiram pedra na maquinha de votar, equipamento que, por falta de rede, impede que a mão do homem a manuseie em benefício próprio. Não permitir a fraude talvez seja o grande crime do Tribunal Superior Eleitoral e da urna eletrônica.

Só pode ser, pois até 2018 o sistema era maravilhoso. Tanto que elegeu seu principal algoz sete vezes deputado federal e uma presidente da República. A descoberta do sumiço de seus votos desencadeou essa avalanche de asneiras com a clara intenção de denegrir as eleições nacionais. Não seria mais fácil e honesto sentar no divã e assumir como seus os sucessivos erros como mandatário? Seria não fosse a violenta, divisionista e armamentista ideologia populista o primeiro item do almanaque político que carrega na cartucheira. Tentar uma reeleição como esse quadro adverso realmente é antecipar um desastre eleitoral sem precedentes. Algo como o mocinho daquele famoso filme da infância: A volta dos que não foram. Por isso, toda confusão armada a partir do Planalto, na verdade uma empretecida cortina de fumaça.

A exemplo do chefe, Sérgio Reis perdeu apoio da maioria esmagadora dos artistas da velha, nova e média gerações. Confuso e desmemoriado, o Menino da Porteira acabou internado para tratar uma infecção supostamente gerada pelo excesso de mofo do Couro de Boi. A ameaça protagonizada pelo cantor seria concretizada em 7 de Setembro, Dia da Independência. Entretanto, parece que o moço do Coração de Papel incorporou a maldição de Wilson Simonal, até hoje um dos maiores intérpretes da Música Popular Brasileira. Embora do mesmo período musical, ambos tiveram trajetórias absolutamente divergentes. A diferença mais marcante é que Simonal foi golpeado pela elite da época, que não admitia a ascensão social e econômica de um negro filho de cozinheira.

Ex-político de direita, Sérgio Reis radicalizou, pois além da baboseira da auditagem do voto, defendeu abertamente um golpe de Estado. Por obra e graça da hipocrisia dos santos do pau oco, Wilson Simonal só conseguiu a canonização após sua morte, em junho de 2000. Alguns desses hipócritas ainda estão vivos, mas permanecem incapazes de subir o som para pedir perdão pelas mentiras contra o nosso eterno mestre da pilantragem. Quanto ao ex-ídolo da chamada música caipira de matriz rural, acho que seu “arrego” tenha contaminado os bolsonaristas de tratores, retroescavadeiras e caminhões. Como esse povo é golpista de oportunidade, provavelmente a chamada de Reis à Polícia Federal teve a força de um balde de água gelada nos corações golpistas. Sobre o mito de coisa alguma, o perrengue futuro ele próprio está traçando. São três as alterativas: “Estar preso, ser morto ou a vitória”. Façam suas apostas.

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