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Do folhetim à realidade

Seria Meghan Markle, na atualidade, a maior das influencers?

Publicado

Autor/Imagem:
Vanessa Fridmann

Meghan Markle finalmente subiu ao altar, resplandecente em um vestido branco rendado e brilhante. Obviamente, era o último episódio da temporada de Suits, e ela estava se casando com o seu noivo na série. Mas o capítulo foi ao ar apenas três semanas da própria Meghan – uma norte-americana biracial, ex-atriz, divorciada, que luta pelo direito das mulheres – subir ao altar no Castelo de Windsor para se casar com seu noivo da vida real, o Príncipe Harry (amaro soldado real e ativista a favor da saúde mental). Isso gerou um frenesi online sobre o que irá ocorrer, que só cresce à medida de que o grande dia vai chegando.

Afinal, o vazamento de detalhes só aumenta a expectativa. As apostas já estão fechando. Afinal, o que ela vai usar? Existem questões econômicas e culturais que envolvem essa resposta.

Primeiramente, a atenção está toda em Ralph & Russo, marca responsável pelo vestido das fotos de noivado. Logo atrás está Erdem Moralioglu. O canadense – Meghan morava em Toronto durante as gravações de ‘Suits’ -se tornou um dos destaques da Semana de Moda de Londres por causa de seus vestidos românticos de renda, e a futura princesa já declarou que usa a sua marca já anos. Também tem a Burberry no pódio de favoritas porque – bom, britânica. (Provavelmente a escolha não terá nada a ver com o vestido Anne Barge da personagem de ‘Suits’, apesar daquela extravagância ter uma vibe de princesa.)

A resposta não será dada antes da noiva aparecer no dia 19, então a única certeza de que, quem quer que seja o estilista eleito, ele ou ela irá elevar sua marca à niveis globais.

Na cultura da influência atual, na qual um indivíduo possui a capacidade de criar tendências de longo alcance simplesmente por causa da força de seu apelo de maneira muito mais efetiva de que qualquer campanha publicitária, parece que Meghan é a mais influente de todas – mesmo que tenha deletado todas as suas redes sociais.

Os números começaram a aumentar logo que Meghan apareceu com Harry em um jogo de tênis em Toronto em setembro, usando uma calça jeans rasgada da Mother e carregando uma bolsa Everlane.

Segundo a Mother, o tráfego em seu site aumentou 200% e as buscas no Google sobre a empresa subiram 60%, de acordo com a mesma semana no ano passado. Lela Becker, presidente da marca, afirmou que as calças usadas por Meghan esgotaram em três dias e mais de 400 pessoas entraram na fila para quando o estoque fosse abastecido. Teve um dia em que o site foi mais visitado do que na Black Friday.

A Everlane possui mais de 20 mil pessoas na lista de espera para a bolsa de Meghan. Quando Michael Preysman, fundador da Everlane, foi perguntado sobre uma celebridade com o poder de influência equivalente ao de Meghan, ele respondeu: “Angelina Jolie.”

O casaco branco da Line que Markle usou no anúncio do noivado esgotou quase que instantâneamente, segundo a marca, e o site parou. O tráfego no e-commerce da Birks, joalheria canadense responsável pelos brincos que ela usou na ocasião, aumentou 500% – fenômeno que ocorre todas as vezes em que ela usa algo da empresa.

“Temos celebridades que usam nossas peças, como Claire Foy e Serena Williams, mas nenhuma alcança esse nível de resposta global”, explica Eva Hartling, vice-presidente da Birks. “Aparecemos em muitas capas de revista no Canadá. Mas agora estamos na Vogue Japão e na Rússia.”

Quando Meghan carregou uma bolsa Strathberry para seu primeiro compromisso oficial após o noivado, ela esgotou em 11 minutos e os acessos no site da grife escocesa cresceu 5000%. Em janeiro, ela usou uma calça jeans da Hiut Denim, uma pequena marca gaulesa. Em março, a empresa mudou-se para uma fábrica maior para conseguir atender a demanda.

Mesmo com o contexto do fascínio global pela realeza, com o desejo por finais felizes em uma época em que as notícias estão cada vez mais desapontadoras, e com o romance do príncipe com a princesa, a escala de resposta é gigante. Especialmente porque ela nunca terá o título de princesa ligado ao seu nome (o mais provável é que ela vire a Princesa Henry de Gales, segundo a BBC, mas não Princesa Meghan), e seu marido seja o sexto na linha sucessória do trono por causa do recente nascimento de Louis, terceiro filho de William e Kate.

Este status menor fez com que a Brand Finance, uma empresa britânica especializada em avaliação de marcas (especialmente de ativos intangíveis), originalmente projetou que o casamento movimentaria cerca de 500 milhões de libras em turismo e endossos não oficiais: um evento significativo, mas não um fenômeno.

Mas logo que o relatório foi divulgado, o chefe-executivo da empresa David Haigh disse que “as pessoas ficaram loucas. Nunca vi um comunicado ter tanta cobertura.” Ele teve que revisar suas próprias projeções. Agora, ele acredita que o evento terá um impacto significativo na economia “Perto de um bilhão de libras – e, para ser honesto, pode ser ainda mais do que isso,”

Segundo ele, a própria Meghan irá contribuir anualmente com 150 milhões de libras anualmente para a moda britânica simplesmente ao usar marcas de lá. Ela irá “rapidamente se igualar ou ultrapassar com a Duquesa de Cambridge e sua incrível influência no mundo da moda”, disse.

E não é só na Grã-Bretanha. No Canadá, país no qual Meghan viveu a maior parte dos últimos sete anos enquanto gravava Suits, a indústria da moda está apostando em sua ajuda – não só para aumentar a visibilidade de marcas locais como a Birks, Line, Sentaler e Mackage, mas para beneficiar a indústria local em si.

Se Sophie Grégoire Trudeu, esposa do primeiro-ministro canadense Justin Trudeu, trouxe os olhos do resto do mundo para a moda de lá, Meghan aumentou a exposição exponencialmente.

“As pessoas do mundo todo estão presos a ela”, disse Vicky Milner, presidente do Canadian Arts e Fashion Awards, que convidou Meghan para entregar o prêmio de International Canadian Designer of the Year em 2016. (O ganhador foi Jason Wu, designer que continua a vestindo.) Existem ao menos dois blogs – Meghan’s Mirror e Mad About Meghan – devotados a falar sobre suas escolhas fashion.

“Quando você tem uma figura como aquela, muda tudo para um país quando se trata de moda”, explicou Vicky, destacando que existe um estereótipo de que a moda canadense é menos criativa e inovadora do que a feita em Paris ou Milão, mas que a patronagem de Meghan pode mudar isso. “As pessoas poderem ver as grifes do Canadá com novos olhos é gigante.”

O francês Joseph Altuzarra, que começou a trabalhar com a futura princesa quando ela estava em Sutir, disse que a sua habilidade em mudar a percepção das marcas é “menos quantificável, mas sem dúvida tem um impacto maior” do que seu efeito nas vendas.

Ela usou um vestido listrado da marca em seu primeiro evento grande como representante da família real no Commonwealth Youth Forum e as visitas no site da grife aumentaram 400%, os seguidores do Instagram subiram 300% em algumas horas.

“Não somos uma marca millenial da moda de rua”, explicou Altuzarra. “Somos uma marca de nicho em uma àrea de nicho. Ela mudou a maneira como as pessoas nos enxergam.”

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