Mariane Morisawa
A décima temporada de “Doctor Who”, que entrou no ar no Brasil neste domingo, 16, no canal Syfy, chega em clima de despedida e boas-vindas. Dão adeus à adorada série o showrunner Steven Moffat, nome fundamental da ressurreição de Doctor Who – que estreou originalmente em 1963 e cuja nova encarnação apareceu em 2005 depois de um hiato na televisão de 16 anos -, e o 12.º Doutor, o ator escocês Peter Capaldi.
“Estou triste, mas era hora de ir. Não acho que conseguiria encontrar novas maneiras de interpretá-lo se ficasse”, explicou, em entrevista. Em compensação, Pearl Mackie entra como Bill, a “companion”, a companheira de aventuras do Doutor, que viaja no tempo e no espaço a bordo da Tardis, um misto de máquina do tempo e nave espacial disfarçada de cabine da polícia inglesa.
Ela substitui a Clara de Jenna Coleman. “Jenna me mandou um buquê de flores no meu primeiro dia”, contou Mackie. “Ela me deu muitos conselhos, inclusive sobre onde comer coisas saudáveis em Cardiff, onde gravamos – o que foi surpreendentemente muito útil!” Bill vai ser uma companhia bastante pé no chão, humana e engraçada. “Ela diz a coisa errada às vezes e é muito direta”, explicou a atriz. Para Moffat, a nova personagem faz “perguntas que precisam ser feitas e frequentemente nunca foram”. Por exemplo: por que o Doutor não usa a Tardis para entregas?
O ponto de vista de Bill é de alguém que não conhece nada daquele universo, o que serve como uma boa introdução para quem não ouviu falar de Tardis ou Daleks (os mutantes alienígenas que parecem robôs antiquados e entram em modo extermínio por qualquer coisa). Negra, ela também é homossexual, como fica claro já no primeiro episódio, quando fica interessada numa garota misteriosa.
A revelação, feita por Pearl Mackie numa entrevista, ganhou proporções que Moffat não esperava. “Não estamos querendo um tapinha nas costas por termos feito isso. Esse é o mínimo de representação necessária, devia ter acontecido muito tempo atrás”, disse o produtor e roteirista. “Não queríamos fazer uma confusão por causa disso. Mas foi uma recepção muito calorosa dos fãs.”
Doctor Who é a série de infância de muita gente, inclusive de Moffat, também responsável pelo Sherlock Holmes estrelado por Benedict Cumberbatch. No Brasil, o programa tem fãs fiéis, que fizeram tanta pressão que conseguiram exibições extras no cinema de um episódio especial em comemoração dos 50 anos, em 2014. Capaldi sabe bem o que é lidar com eles.
“Quando entro numa sala, vejo todo mundo abafar o grito porque o Doutor entrou ali”, disse o ator, que ficou surpreso durante umas férias em Veneza quando foi perseguido pelos fãs e recebido com sorrisos nos becos da cidade. “É um personagem muito querido, muito maior do que eu. Vou sentir falta.”