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Serviçais do Diabo, bolsonaristas empobrecem pobres e ficam mais ricos

Com raras exceções, os conservadores pastores evangélicos não estão nem aí para seus rebanhos. Passam o dia inteiro preocupados com a vida alheia, em propagar sacanagens contra o governante que odeiam e em buscar formas de empobrecer o pobre aumentando o escorchante dízimo. Cuidam tanto do rabo dos outros e esquecem dos seus. Adoram julgar, mas detestam ser julgados. Possuem, mas não admitem ser possuídos; O modismo dos profetas de coisa alguma é tentar destruir que não professam suas falsas teorias da salvação. Na prática, todos têm mais peçonha do que os supostos peçonhentos que querem ver mortos.

Parafraseando o compositor Pepeu Gomes, o mal é o que sai da boca do homem. E isso eles fazem com maestria. Para os sem nada de pureza, baseado em que se pode comer quase tudo, é proibido ser gay, beber, fumar e comer baseado. Além de propor e dizer asneiras, o resto pode. Pastor de uma importante igreja evangélica, Manoel Pereira Xavier, o Talarico, transformou sua pregação em pegação e acabou pagando um mico. Ele foi flagrado em um siricutico e pronto para usar o maçarico em um priquito de outrem e que não é para o bico dos mais endiabrados dos católicos, umbandistas e kardecistas, entre outras religiões consideradas pelos conservadores do pau oco como serviçais do Diabo.

Além de craque na arte da enganação e da besuntação do ego, a maioria dos pastores é analfabeto bíblico. Todavia, são exímios interesseiros de púlpito. Tanto que, sem questionamentos, assumem a marca de crentes em toda parte, menos em casa. É o caso do Talarico, que pegava a “irmã” de crença. Hipocrisia ou farisaísmo? Certamente as duas coisas, na medida em que tipos como esses adoram cobrar dos outros posturas e atitudes que eles não têm. É por isso que, do alto de minha ignorância religiosa, prefiro as críticas de um ateu sincero às pregações de mil cristãos hipócritas. Aliás, me dizem os anjos que o inferno está abarrotado de cristãos de meia pataca.

São os religiosos que se escondem atrás da Bíblia e, na ausência de argumentos para se defender de ataques dos que verdadeiramente são tementes a Deus, atacam com ameaças e palavras ofensivas a todos que, porventura, atravessem o caminho fácil da gulosa retirada do dinheiro dos pobres e inocentes. Subservientes a quem lhes dá guarida, jamais lembram da tese de Frederico, o Grande, para quem todas as religiões devem ser toleradas, pois cada ser humano tem o direito de ir para o céu à sua maneiro. Talarico pediu demissão, mas perdeu a grande chance de ocupar a cadeira à direita de Jesus, a mesma que um dia esteve reservada para Jair, o Messias.

Talarico é da mesma turma do pastor mineiro André Valadão, “dono” da Igreja Lagoinha. Ano passado, durante um culto na “sucursal” de Orlando (EUA), o cidadão da mata onde o cuteu asfixia a cotia afirmou para seus comedores de meleca na colher que, se pudesse, “Deus mataria gays e perdoaria estupradores”. Se eu também pudesse, recomendaria que a “grandeza” de Deus o levasse primeiro. É muita asneira para um único homem que, em nome da salvação, acha normal tirar dinheiro dos pobres. Para sorte dos que usam a colher para comer coisas mais saudáveis, o passaporte de tipos como esses já vem com endereço desde o berço: as profundezas do inferno. E sem siricutico.

Os conservadores de tubo de ensaio não se limitam aos pastores endinheirados. Bolsonarista de bastidor, o deputado de primeiro mandato Pedro Ahiara (PRD-MG) já percorreu o mundo com passagens pagas pela viúva. Absurdo, mas é um direito constitucional dos congressistas. O problema são suas despesas, pelas quais ele pede – e recebe – ressarcimento. No “tour gastronômico” por vários estados e diferentes países, ele tomou chope, vinho, drinks variados e, no Japão, degustou pratos como salmão e bife kobe, corte de carne que chega a custar R$ 400. Porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais no desastre de Brumadinho, Ahiara jura ter devolvido os valores recebidos à Câmara. Irrelevante. Relevante é o fato de um “patriota”, conservador e do tipo bom moço achar que pode fazer do Brasil de todos os brasileiros uma pocilga qualquer.

*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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