Vida que segue
Servidor do TJDFT supera preconceitos como multiatleta
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emO limite está na mente e não no corpo”. Esse é o pensamento que move Paulo Roberto Galvão Filho, servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que perdeu uma perna em um acidente e que, hoje, faz dos esportes um estilo de vida.
Em 2004, Paulinho, como é chamado pelos amigos, sofreu um acidente automobilístico, no qual perdeu a perna esquerda. Durante o período de reabilitação no hospital Sarah Kubitschek, conheceu a canoagem e foi estimulado a praticar esportes para resgatar a autoestima e confiança.
Paulinho começou, então, a experimentar diferentes modalidades esportivas e decidiu desfrutar a vida de uma forma diferente. “Eu percebi que eu ganhei uma segunda chance de escrever uma nova vida. E então eu decidi que a deficiência física não me impediria de curtir a vida”, afirmou.
Outros esportes
A partir da canoagem, Paulinho passou a se dedicar integralmente à vela adaptada, no projeto Vela para Todos, para pessoas com deficiência. Ele chegou até a participar da seletiva para os Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016. Paulinho também foi campeão mineiro e conquistou o vice-campeonato brasileiro. “Já tinha participado da categoria optimist quando era criança. Mas após o meu acidente, voltei para a vela e foi muito importante na minha recuperação”, conta.
Algum tempo depois, Paulinho decidiu conhecer o automobilismo e foi no kart adaptado que ele viu que poderia ser competitivo nas pistas de corrida. Paulo Galvão Filho venceu provas locais e nacionais em sua categoria. Uma das mais memoráveis, segundo ele, foi o Desafio Internacional das Estrelas, disputado no Beto Carreiro World, em Santa Catarina, em 2014. Ele dividiu a pista com nomes como Michael Schumacher, Fernando Alonso, Bruno Senna, Felipe Massa e Rubinho Barrichelo. No kart adaptado ele foi campeão do evento.
A paixão pelas duas rodas surgiu logo depois e ele começou a praticar tanto o ciclismo de estrada quanto o mountain bike. Nessas modalidades, Paulo continuou rompendo barreiras e superou preconceitos. Participou de campeonatos brasileiros, panamericanos e até representou o Brasil em competições internacionais.
Uma prova, contudo, marcou o atleta. A escalada do Mont Ventoux, montanha mítica que é uma das mais icônicas na maior prova ciclística do mundo, o Tour de France. Além da intensa altimetria, ventos de até 320km/h já foram registrados na montanha. Ventoux significa, em tradução livre do francês, ventania. Imagine pedalar toda a extensão com apenas uma perna! “Foi uma prova amadora, mas foi um dos meus maiores desafios”, lembra.
Hoje, aos 43 anos, Paulo Roberto é servidor do TJDFT, lotado na Secretaria da 3ª Turma Recursal. Para 2024, planeja ter um filho com a esposa já em 2024 e se especializar em Direito Previdenciário para pessoas com deficiência. “Houve alterações significativas na legislação e sinto que preciso contribuir de alguma forma com a sociedade”, sentenciou.