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Paulão, Dudu e o Elefante

Servidor esperto ganha pontos sem bajular chefe

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Paulão trabalhava em um órgão do governo, onde ocupava uma posição de chefia. Por causa disso, sempre havia um ou outro bajulador em sua sala, seja levando uma maçã ou qualquer outro agrado, seja elogiando o novo terno, seja até mesmo para levar um pouco de café requentado em um copo de plástico. No geral, ele recebia todos de bom grado, mas lhe faltava algo na capital tão distante da sua cidade, lá no interior de São Paulo.

Nesse mesmo local havia um outro funcionário, o Dudu, que de chefe não tinha nada. Ele trabalhava em um departamento bem próximo da sala do Paulão, com quem já havia cruzado algumas vezes pelos corredores ou na cantina. Apenas um “Oi!”, nada de muita conversa. No entanto, o Dudu havia percebido algo que o incomodava no Paulão. Ele, que não era psicólogo nem nada, notou um olhar tristonho por detrás daquele sorriso expansivo do Paulão.

Certo dia, lá estava o Paulão, jogando aquelas pernas longas em passadas espaçosas pelo corredor, quando foi parado por um grupo de funcionários, que falava sobre futebol. Um deles, mais atrevido, perguntou para o Paulão qual era o seu time. Ele deu aquela estufada no peito e, quase gritando, disse:

– Linense!

– O quê?

– Linense! O Elefante!

Ninguém entendeu bulhufas do que o Paulão queria dizer com aquilo. Todavia, antes que ele pudesse explicar, alguém o chamou para resolver um problema de última hora. Coisas da chefia!

Alguns dias se passaram, até que o Paulão precisou ir ao departamento do Dudu, que fingia estar entretido com alguma coisa importante simplesmente porque não queria trabalhar. Entretanto, o olhar sagaz do Paulão não pode deixar de notar o símbolo do seu time do coração na tela de proteção do computador do Dudu.

– Linense! Por que você tem o escudo do Linense no seu computador?

– Ué, porque sou Elefante!

O Paulão, ainda desconfiado, pensou que aquilo fosse uma piada. Mas, antes que pudesse fazer novo questionamento, eis que o Dudu, com um ligeiro toque no teclado bem à sua frente, fez com que o hino do Linense começasse a tocar.

A partir daí, aqueles dois malucos passaram a ter um vínculo tão intenso, que muita gente não entendia. “Afinal, quem é que torce pro Linense?”, todos se perguntavam. Dudu, com seu gol de placa suspeito mesmo aos olhos do VAR, ganhou três pontos.

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