Layla Andrade
Atuando desde 1945, cuidando da saúde dos servidores públicos federais ativos e inativos, a Fundação de Seguridade Social (Geap), é uma das mais importantes operadoras de planos de saúde no Brasil, oferecendo, na teoria, cobertura ambulatorial, hospitalar e obstétrica. Na sua carteira estão mais de 600 mil segurados idosos. Desses, mais de 500 estão cadastrados como tendo mais de 100 anos de idade.
Mas como nem tudo são flores, a Geap está na UTI, com um rombo em caixa estimado em mais de 56 milhões de reais. A saída é apresentar um plano para resolver o desequilíbrio financeiro identificado pelo governo. Caso não haja uma solução a Agência Nacional de Saúde poderá adotar medidas para manter o atendimento, como a transferência obrigatória da carteira e a portabilidade especial de carências.
Com esse déficit batendo na porta, na sexta-feira (11), a fila na agência da Geap da W3 Sul, estava quilométrica, com clientes tentando marcar suas consultas. E o que deveria ser um procedimento rápido, com tempo máximo de espera de 30 minutos, quem por lá passou nesse dia enfrentou uma verdadeira epopeia que se estendeu por até quatro ou mais horas.
As vítimas – Nilce* (nome fictício) contou que ficou mais de quatro horas na fila para conseguir o atendimento. “É inadmissível a inadimplência da Geap, com os seus prestadores de serviços. E nós que pagamos em dia, com essas mensalidades descontadas em nossos contracheques, é que ficamos a ‘ver navios’, essa falta de respeito não pode continuar”, afirmou.
E as reclamações não param por aí, Monica* contou que “além de ficar 5 horas na fila, esperando atendimento, já faz anos que estamos pagando o preço pela falta de respeito. Não bastasse o atendimento precário, sofremos com a diminuição dos hospitais, médicos e laboratórios conveniados. Afinal de contas somos descontados em folha e não somos respeitados. Espero que isso mude pois temos nossos direitos”.
O número é realmente preocupante. Das pessoas que são atendidas apenas 40,4% conseguem um agendamento rápido de consulta e ser encaminhado para consulta ou cirurgia com a mesma eficácia. Já 59,6% afirmam que a vontade que eles têm é de cancelar o plano, porque o atendimento é precário.
A correção nos valores pagos, aprovada em fevereiro, é maior do que a média dos convênios privados. Os planos individuais, por exemplo, que têm os percentuais de reajustes regulados pela ANS, tiveram aumentos de até 13,55% este ano — índice que está valendo desde o primeiro semestre de 2016. No site, o convenio afirma que “o reajuste é absolutamente necessário para manter e qualificar o serviço e a assistência que a Geap vem prestando”.