Servidores públicos estaduais do Rio Grande do Sul iniciaram hoje (31) greve geral de quatro dias contra o parcelamento de salários, confirmado nesta segunda-feira pelo governador José Ivo Sartori. A paralisação está prevista para durar até quinta-feira (3).
Policiais civis cruzam os braços desde a meia-noite. Apenas casos graves, como homicídio, estupro e crimes envolvendo crianças e mulheres serão atendidos. O Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do Rio Grande do Sul orientou a categoria para que não retire carros das garagens e não cumpra mandados de prisão e operações policiais.
Em julho, o governo do Rio Grande do Sul também parcelou o salário dos servidores. Pagou integralmente os salários até R$ 2,15 mil aos servidores no fim do mês e quitou a diferença para quem recebe acima desse valor no dia 11 de agosto. Com isso, o Executivo gaúcho atrasou o pagamento da parcela mensal da dívida com a União e teve as contas bloqueadas. Depois, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar novos bloqueios.
Policiais da Brigada Militar prometem permanecer nos quartéis a partir de amanhã (1º), o que deve diminuir o policiamento nas ruas. Os sindicatos que representam soldados, sargentos e tenentes dizem que os profissionais foram psicologicamente atingidos e estão sem condições de realizar os serviços.
De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos do Estado, os hospitais estaduais vão manter os serviços essenciais em sistema de rodízio de funcionários. Os professores do estado também aderiram à greve do funcionalismo gaúcho.
As paralisações ocorrem depois que o governo do Rio Grande do Sul decidiu parcelar os salários de agosto de todo o funcionalismo do Executivo gaúcho. A primeira das parcelas, de R$ 600, foi depositada hoje. As demais serão quitadas, segundo o governo, nos dias 11, 15 e 22 de setembro. “Este não é um ato de vontade, mas é o que nos impõe a grave realidade financeira do estado”, disse Sartori, ao anunciar o parcelamento.
Segundo o governo, nesta segunda-feira, foi pago um total de R$ 205 milhões para todos os 347 mil servidores do Executivo, ativos e inativos. Para quitar o restante da folha de pagamento, ainda faltam R$ 745 milhões. O governo também anunciou que enviará à Assembleia Legislativa nos próximos dias um projeto de lei para aumentar o valor dos saques dos depósitos judiciais, de 85% para 95%.
“A situação é difícil, sim. Mas estamos diante de uma grande oportunidade de começar a virar esse jogo. Por isso é que tenho dito aos secretários que a situação financeira do Estado do Rio Grande do Sul é emergencial, e nós poderíamos chamá-la quase de calamidade”, afirmou Sartori.
O governador disse que respeita as manifestações de indignação dos servidores diante das medidas. “Protestem, reclamem, reivindiquem, mas vamos lembrar que, acima de todos nós, está o bem comum do Rio Grande do Sul e toda a sociedade gaúcha”, acrescentou.