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Hora da superação

Sexo frágil tem muito poder e força interior

Publicado

Autor/Imagem:
Helyete Santos

Acredito que as mulheres, você como eu, fazemos sim, parte integrante do chamado sexo frágil, sendo fortes. Frágil, não como fraco, como muitos interpretam, mas como sutil, carinhoso, tênue como um fio de aço e tão fortes, que são capazes de nadar nas águas barrentas que a chuva deixa para salvarem suas crianças, as coisas sem valor da casa, como o liquidificador, os travesseiros amassados e sujos, as roupas de sair, os papéis inelegíveis, as escovas de dentes. E, logo depois, quando lhes é permitido, vagar pelo quarto e sala, lavam o maço de flores de plástico e colocam-nas em um copo ao lado de São José, com um pedido vibrante para resgatar o que perderam nas águas e agradecem pelo pouco que ficou.

Dizem que elas se superam com grande facilidade dos infortúnios que a vida lhes propõe. Superação não é esquecer as facadas, nem a dor no joelho, ou o câncer, a partida de quem não volta, a saudade do filho distante. Muito menos ficar lamentando e chorando esses fardos em um banco de jardim, entre lindas flores e em filas que cansam as pernas andarilhas pela cidade.

Aquelas que dizem se superar pela tragédia do vaso quebrado, aprendem a conviver sem ele, mas continuam sua trajetória e reavaliam seu aprendizado com a falta dele e outras faltas, assim como suportam, com força e com vontade outros tantos infortúnios. O principal é que continuam abraçando e beijando com carinho sincero e ainda cantam Gonzaguinha: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz”. Exemplo maravilhoso nos é dado por João Carlos Martins, maestro e pianista, conhecido e aplaudido pelo mundo todo. Sofreu um acidente e ainda uma doença que o deixou impossibilitado de movimentar suas mãos. Superou. Depois de várias cirurgias e tratamentos, rege orquestras, toca piano, e promove jovens para o mundo da música. Lindo! Homens também se superam, é fato.

Quando tudo isso, ou parte disso acontece, é porque aprendemos a conviver com nossos destinos, na lei dos ensaios e erros que nos são permitidos. Sentimos, então, que o Mestre de nossa alma compactua com a nossa liberdade e verdadeira superação.

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