Ratatatá..CHI!!!
Sexta Santa e o incrível ‘causo’ do ‘demonho’

Na Sexta Sagrada eu fui. Minhoca, vara e puçá. Na beira do grande rio logo fui me acocorá. Sexta-feira é dia santo. É hora de refletir.
Guardar o luto do Cristo sem nada em troca pedir.
O pai contava esse “causo” e jurava ser assim. Do som medonho na tarde que caia trovejando. Sem mais o tempo virou; de Sol lindo e céu azul, a noite se aproximou o barulho era sem fim…
Ratatatá…Ratatatá..CHI!!!
Era um som tão medonho que lhe dava calafrio. No dia sagrado as pragas já estavam de sobreaviso.
Ratatatá…Ratatatatá…CHI!!!
O pai recolheu as varas e carpiu o chão do estradão. O corpo gelado de medo e o suor no coração.
“Perdão, meu Jesus Cristinho, pela minha incorreção. Era dia de resguardo e zombei da sua paixão. Deixa eu vortá pra casa, prós fininho e a patroa. Prometo nos outros ano deixar de ser tão a toa”
Falando essas palavras sem nem pensar no caminho, o pai nunca olhou pra trás temendo grande castigo. Levou com ele pra vida, aquele pavor no olho, na alma arrependimento o nos ouvidos o som do demonho.
Ratatatá…Ratatatá…CHI!!!!
Pois veja só o fiel dos fatos. Na fuga o pai nem notou, na curva abaixo no rio um pau de árvore enroscou. Em cima um pica-pau batia o bico e furava. O som soava medonho, como se fosse de metralha. E quando o bico do pássaro ficava vermelho, em brasa, pra aliviar o cansaço, ele na água esfriava…CHI!!!!
Depois de tantas andanças, não sei se é fato ou invenção. Mas sei que nesse mundo veio sem porteira, eu tive um pai contador. Contador de ilusão.
Falou dos “causos” da vida, da vida que Deus mandou e eu jamais esqueci das coisas que o pai falou.
