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Síndrome da ansiedade fica acentuada na pandemia

São 2h53 da manhã. Rolei na cama até perceber que não ia mesmo dormir. Uma lista interminável de tarefas ficava passando pela minha cabeça. Marcar a manutenção de unhas, cortar o cabelo, passar novas tarefas para minha assistente. Pagar o boleto, acertar a senha do cartão do banco. O que vai ser do meu futuro?

Sim, sempre uma lista interminável de tarefas. Algumas pessoas diriam que são problemas – é, de fato, não deixam de ser. Uma vez meu pai estava reclamando com o meu avô: “Que droga! Parece que os problemas nunca acabam”. Meu avô olhou para ele e disse: “Mas a vida é isso, uma sequência interminável de problemas que precisam ser resolvidos”.

Essa frase conseguiu acalmar o meu pai, naquela época. Mas eu confesso que ela não me alivia muito o coração. Ainda fico com uma sensação de que eu deveria estar fazendo muito mais do que eu faço. Que eu deveria ser muito mais do que eu sou. Que existe uma outra versão minha num universo paralelo talvez, onde eu não cometa tantos erros, onde eu não esqueça tantas vezes a roupa na lavanderia por mais de 3 semanas, onde eu me lembre do nome das coisas.

Mas a realidade é que meu avô esteve sempre certo. O que seria de nós sem um montão de coisas para resolver todos os dias? Talvez seríamos mais deprimidos, sentiríamos um enorme vazio no coração ou talvez não teríamos um propósito. Ansiedade é viver no futuro. A insônia é fruto da ansiedade, e eu sei disso, porque são 2h58 da manhã.

Mas em tempos de pandemia, parece que toda a ansiedade do mundo resolveu estacionar no nosso quarto. Será que um dia faremos aquela viagem sonhada? Será que vamos voltar a tomar sossegados um café na esquina? Sabemos que a vida é uma lista interminável de problemas, mas talvez eu só quisesse saber que os meus pequenos prazeres estarão garantidos. Coisa de que, no momento, eu não tenho muita certeza.

Assim como eu não tenho certeza de que vou conseguir um horário para a manutenção das unhas. Assim como não tenho certeza de que vou conseguir fazer aquela viagem dos sonhos. A única coisa que eu sei é que colocar uma música calma, fazer uma lista escrita de tarefas para tirar da mente, aprender a delegar e conseguir respirar profundamente já vai me fazer conseguir resolver mais problemas do que sem isso tudo.

Amanhã eu resolvo. Mas resolvo de verdade, porque essa sou eu. Talvez eu seja assim ainda, mesmo sem querer, um pequeno poço de ansiedade e, neste momento difícil, esteja só aprendendo a lidar melhor com ela. Consciência e um bom floral podem fazer milagres… o sono está batendo.

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