A crise hídrica que assola o Estado de São Paulo começa a causar um fenômeno raro na região de São Pedro: as cachoeiras, pontos turísticos do local, estão secando com a falta de água no Sistema Cantareira. A região abriga mais de uma centena de quedas d’água, a maioria de menor porte, mas muitas delas já não têm mais água caindo.
É o caso de duas das três cachoeiras da Furna, que estão completamente secas. A terceira delas, de maior dimensão, ainda tem um fio de água, mas, se não voltar chover em breve, também pode mudar a paisagem. As informações são da Folha de S.Paulo.
De acordo com o guia Luiz Assunção, os passeios têm sido reorganizados. “Trabalho como guia em São Pedro há mais de 15 anos e nunca vi um cenário como esse. É claro que na época de estiagem o volume de água diminui, mas neste ano muitas cachoeiras secaram completamente”, disse.
Segundo ele, houve queda na demanda por passeios. “Arrisco dizer que houve uma queda de pelo menos 20% na procura. As pessoas ficam sabendo que as cachoeiras estão secas e acabam não procurando a gente. Tivemos de repensar alguns passeios, tirar alguns locais onde a água está pouca”, conta.
Os turistas reclamam da diminuição no fluxo de água. A auxiliar administrativa Jurema Ferreira, 42, que conhece as três quedas de água de Furna, afirma que o local é “muito mais bonito” em épocas de cheia. “O lugar continua sendo lindo, mas é uma judiação ver uma cachoeira tão grande com tão pouca água”, disse.
Já a comerciante Elisabete Bertato Prado, dona de uma pousada que fica na região das cachoeiras de Furna, afirmou que, neste ano, a época de estiagem tem sido mais cruel. “Todo ano temos uma diminuição do volume, mas hoje tudo secou”, disse.
Procurada, a Prefeitura de São Pedro diz que a falta de água tem afetado pontos turísticos da cidade e que já há racionamento na cidade inteira, de no mínimo quatro horas por dia.
Na vizinha Piracicaba, o tradicional passeio pelo rio que dá nome à cidade teve de mudar de ponto de encontro. Antes, o tour começava na rua do Porto, mas, com a falta de chuva, o local passou a não ter profundidade suficiente para permitir a viagem dos barcos. Então a saída agora é feita do Tanquã, área que dista mais de 1 km da rua do Porto, na área central da cidade.
De acordo com Luís Fernando Magossi, que coordena os passeios de barco pelo rio Piracicaba, a mudança afetou o negócios. “O movimento não chega a 1% do que ocorria na rua do Porto”, reclama.