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Hormônios brochonários

Sistema do medo une Milei, Bolsonaro e Trump

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso* - Foto de Arquivo

El Loco de carteirinha, papel passado e com registro em cartório, Javier Milei precisou de exatos dez dias no comando da Argentina para mostrar suas afiadas garras. Aprendeu direitinho as primeiras lições dadas por Jair Bolsonaro em intensivo durante a posse, no início deste mês. As próximas etapas da cartilha todos já sabem. A diferença é que a maioria dos argentinos não engole sapos e nem lagartixas como os “patriotas” brasileiros engolem até hoje e engolirão enquanto viverem. Los hermanos também não esperaram o soar dos clarins e, na quarta-feira (20), lotaram as ruas de Buenos Aires contra o governo fascista do economista ultralibertário.

Denominados pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, de “gerentes da pobreza”, os organizadores da manifestação mostraram aos novos senhores feudais do país vizinho que quatro anos passam muito rápido. Foi assim nos Estados Unidos de Donald Trump e no Brasil de Jair Messias, ambos jubilados em benefício do povo. Implantar o sistema do medo é o que os une. Antiquado, antidemocrático e fadado ao fracasso, o modelo econômico imposto pelo mandatário argentino é sinônimo de crise e de protestos a curtíssimo prazo.

E de nada adiantarão o “protocolo antipiquete” e as medidas fascista de resistência às manifestações, com destaque para a que impede os manifestantes de receberem recursos de programas sociais. É a similaridade no mais alto grau entre Trump, Milei e Jair. Mais do que déspotas, o sonho dos três é o do domínio sorridente, aquele que esfola e afaga. Cristalinos como notas falsas de 100 dólares, eles brincam somente quando a brincadeira os beneficia. Cercados de yankees, “peluqueiros” ou de “patriotas”, descem para o play com o único objetivo de, por meio do empobrecimento, transformar a população, também conhecida por eleitor, em dependente financeiro de sistemas arcaicos que só eles abraçam.

Acostumados à bajulação oportunista e vantajosa, Jair e agora Milei esquecem que são direitos constitucionais o protesto e a livre circulação. Igualzinho aos hormônios brochonários dos mestres norte-americano e brasileiro, El Loco não admite contrariedade. No dicionário dos três, protestos e marchas pacíficas são sinônimos e símbolos de desordem. Controversos por natureza, abominam qualquer tipo de relação com países que não defendam a liberdade. Por isso, foram e são contrários a manter embaixadas na Venezuela, Cuba e Nicarágua.

Entretanto, embora hipocritamente discursem de forma inversa, não renunciam a eventuais colaborações da China, Rússia, Arábia Saudita e Hungria. Nessa lista de nações comunistas, Javier Milei inclui o Brasil do preocupadíssimo Luiz Inácio. É tempo de Natal, mas que as memórias afetivas que unem os dois povos certamente não serão colocadas na balança, caso El Loco insista em sua idiota loucura de romper com o segundo maior país do continente americano.

A exemplo de Bolsonaro, ele será o grande perdedor. O pobre é ele. Nosso grau de investimento subiu e, pelo menos eufemisticamente, estamos remediados. Antes que a Casa Rosada fique vermelha de vergonha, é de bom tom que Milei não esqueça que bom político é aquele que põe os interesses da nação acima de seus anseios pelo poder. Os bons não pedem votos, conquistam eleitores.

*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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