Pendular como os mais antigos e ultrapassados relógios cuco, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) descobriu tardiamente que, com radicalismo e soberba, a direita, particularmente a extrema-direita, sofrerá uma nova retumbante derrota em 2026. Do tipo espetaculoso, aquele que joga bosta no ventilador para atingir a esquerda e, como a titica sempre retorna, recua e, ainda que forma enviesada, alivia a crítica, Nogueira dá as duas mãos por um holofote. Esperto como um gato angorá no cio, na verdade ele mostra o lado mais correto, menos afoito e mais determinado dos conservadores.
Nas entrelinhas, claramente antecipa a vitória do centro-esquerda, na medida em que sabe que seu antigo chefe, o mito de geladeira, não tem capacidade de raciocínio lógico. Por isso, tanto ele quanto seu clã e seus potenciais bajuladores, jamais calçarão as sandálias da humildade. Como eles se acham os donos do mundo e do Brasil, dificilmente o ex-ministro da Casa Civil e apoiador de todos (todos) os governos desde Fernando Henrique Cardoso conseguirá convencer seu Jair Messias de que ele não é o que imagina ser. Para quem se apresenta, interna e externamente, como franco favorito à sucessão de Lula, o alerta de Nogueira é um balde de água gelada que deverá bater no lombo dos “patriotas” como vinagre.
Maquiavélico e curioso, o senador sabe como tirar com uma mão e mais ainda como afagar com a outra. A curiosidade fica por conta da preocupação de soberba dos outros. A dele está acima da média. Segundo Ciro Nogueira, a eleição de 2026 está ganha “se falarmos para a maioria. Se ficarmos apenas dialogando com a bolha da extrema-direita, não teremos chance”. Realmente as chances são abaixo de zero, pois, como ele mesmo admite, a chamada maioria não é de extremismos.
Eis a razão pela qual os brasileiros considerados inferiores pelos soberbos não querem qualquer tipo de diálogo com extremistas radicais, possessivos, sapientes como ninguém, embora medíocres por definição. No sentido oposto, os direitões aceitam conversar com os menores, desde que o comando seja deles. Aí mora o perigo do extremo à direita. Seus integrantes tiveram oportunidade de mostrar que eram realmente capazes de conduzir a nação. Não foram, não são e nunca serão. Governar com o chicote é coisa do passado.
O comando dado por Emannuel Macron na França será seguido no Brasil, cuja população se cansou do monólogo político, do arbítrio, do personalismo e, principalmente, dos abusos e da inércia. A ordem é lutar bravamente pela liberdade, igualdade e fraternidade. Alguma coisa está para acontecer do lado de cá do hemisfério. E certamente não é a consolidação dos talibãs liderados pela Marine Le Pen dos trópicos. Em vez de perseguir quem trabalha pelo país, seu Jair deveria tentar reunir ideias, propostas, bons pensamentos e pessoas de bem para voltar com alguma força ao cenário político nacional.
Demonstrações de força que ele não tem estão por fora. Do mesmo modo, de nada adiantará forçar a barra sugerindo amizades com lideranças conservadores e obsoletas do continente. Ao contrário do que imagina, sua forma de agir na contramão dos anseios do povo o fará permanecer eternamente na condição de provocador, anticristo, anti pobres, negros e gays e jamais como um líder natural.