Adequar um sobrado dos anos 1930, localizado na Vila Anglo Brasileira, às necessidades de um jovem casal, mas sem descaracterizá-lo, foi o desafio proposto aos arquitetos André Procópio e Aline D’Avola, do Metamoorfose Studio, autores deste projeto. “Logo na primeira visita, surgiu a questão: como preservar a memória presente no imóvel e, ainda assim, dar a ele uma ocupação contemporânea”, conta Procópio.
Como as demais residências do entorno, a construção apresentava alguns pontos críticos. Por ser antiga, a planta era muito compartimentada, o que tornava a cozinha pequena demais. Em contrapartida, o imóvel também guardava verdadeiros tesouros originais, como o piso de tacos da sala, os azulejos azuis da cozinha, as escadas externas com serralheria bem conservada, além de diferentes tipos de pisos, como um feito de caquinho no quintal. “Nossa principal preocupação foi criar uma relação entre o que já existia e o que viria a ser o novo”, comenta o profissional.
Para isso, a construção foi sendo descascada gradativamente, e sua estrutura original, evidenciada, assim como os diferentes acabamentos originais, que ficaram propositalmente expostos. “Os tijolinhos aparentes da parede receberam apenas uma aplicação de resina. Já no lavabo, arrancamos parte dos azulejos e, para contrastar, pintamos de branco a outra parte”, conta.
A integração da cozinha com a área externa, ponto de extrema importância para os clientes, ganhou detalhes que transformaram o ambiente por completo. Além de vigas que emolduram e sustentam o andar superior, promovendo uma maior unidade com a área externa, uma ilha de concreto foi destinada ao preparo das refeições, além de uma grande mesa de madeira de lei, herança dos moradores.
“Mantivemos uma parte do piso antigo e colocamos granilite na outra extremidade para ressaltar o contraste”, diz o arquiteto. Outro destaque ficou por conta do paisagismo executado na lateral da residência, antes um espaço ocioso. “Quem senta à mesa tem uma vista que só tende a ficar mais bonita”, afirma.
Nos demais interiores, a aposta foi pintar as paredes de branco para realçar os materiais e suas texturas. “Os batentes das portas do andar superior ganharam uma cor viva. Também levamos para esse andar elementos que estão espalhados pelo térreo, como a esquadria preta do banheiro, o concreto das cubas e a marcenaria do armário planejado”, afirma. Para completar, a sala recebeu uma estante de ferro, com nichos de madeira, desenhada pelo escritório. “O melhor foi que, como não tivemos de construir do zero e ainda aproveitamos tudo que era possível, a reforma coube no orçamento dos proprietários”, finaliza.