Pouco depois da liberação do campo de concentração de Bergen-Belsen, em abril de 1945, Hetty Verolme, de 15 anos, falou com o repórter da BBC Patrick Gordon Walker. Judia, ela permaneceu presa ali por um ano. Hoje, 70 anos depois, Hetty voltou ao local do antigo campo de concentração nazista.
Ela contou sobre os horrores que viveu e ouviu novamente a entrevista que deu dias depois de ganhar a liberdade.
“Se você perdesse as esperanças, então você morreria em dois dias. Você acaba se acostumando com coisas com as quais você acha que não pode se acostumar. Estávamos sempre com fome, metade de uma fatia de pão pela manhã e outra metade à noite”, conta Herry.
Segundo ela, “90% das pessoas estavam doentes com tifo. Por isso, houve tantos mortos”.
“No final, não víamos mais os cadáveres. E tampouco sentíamos o cheiro deles. Éramos judeus, por isso fomos trazidos até aqui”, diz.
Hetty conta que a mãe foi retirada do convívio dela e dos irmãos. “Meus dois irmãos choravam compulsivamente e não queriam deixá-la. Mas tive que parecer forte frente a eles”, recorda.
“Sabíamos o significado de ficar vivos se houvesse perigo. Se você pedisse para eles ficarem em silêncio, eles ficavam quietos. Eles não faziam um barulho sequer”, acrescenta.
A liberação do campo aconteceu em 15 de abril de 1945 pelos britânicos. “Ficamos muito felizes. Não podíamos acreditar. Eles falaram pelo alto-falante que receberíamos comida. E, no dia seguinte, eles nos entregaram chá com açúcar. E foi a coisa mais decente que tivemos em semanas”, diz.
“Tivemos muita sorte. Meu pai, minha mãe, meus irmãos e eu voltamos de três campos de concentração diferentes”.
Hetty diz ficar “surpresa que muitos jovens não sabem o que é o Holocausto”.
“Às vezes, fico surpresa que os jovens não sabem o que é o Holocausto – e você tem que explicar a eles. Quando não estiver mais aqui, espero que alguém como você lembre ao mundo que isso aconteceu, pois realmente aconteceu”.
“Não importa se as coisas estão ruins ou pareçam sombrias, você tem que acreditar que amanhã será um dia melhor”, conclui.
O Holocausto foi o assassinato em massa de cerca de 6 milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial, o maior genocídio do século 20, por meio de um programa sistemático de extermínio étnico patrocinado pelo Estado nazista, liderado por Adolf Hitler.
Outras minorias, como gays, negros e ciganos, também foram alvos de perseguição e mortas.