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Sol de Brasília castiga Hedvig Lindahl, mas o amor pela camisa fala mais alto

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Vinícius Lisboa

A goleira dos Estados Unidos, Hope Solo, disse à revista americana Sports Illustrated que seu time havia perdido para “um bando de covardes”, depois de as norte-americanas terem sido eliminadas pela Suécia por 4 a 3 nas quartas de final do futebol feminino da Rio 2016. Do outro lado do campo, a goleira sueca, Hedvig Lindahl, enfrentava uma batalha mais dura do que Hope Solo podia imaginar: o sol forte de Brasília sobre sua pele com vitiligo.

“Hoje usei um protetor fator 50”, disse a defensora escandinava após o jogo. “Apliquei antes e depois do aquecimento e também no intervalo. Mesmo assim, estou com algumas queimaduras no rosto agora. Estava sentindo que o sol e o calor se tornaram meu inimigo.”

Durante o primeiro tempo, Hedvig jogou no gol que ficava sob o sol no Estádio Mané Garrincha. Na segunda etapa, trocou de lado e teve um alívio. “No segundo tempo eu joguei na sombra, então, não foi tão ruim. Se eu jogo 20 minutos no sol, é claro que isso vai afetar a minha pele.”

Hedvig disse que a doença começou a se manifestar quando tinha 5 anos, e, até os 18, sua pele foi perdendo pigmentação. Para quem sofre do mesmo problema, ela deixa uma mensagem: “Quero dizer às pessoas com a mesma condição que elas podem fazer as coisas”, incentivou. A goleira conta que já recebeu e-mails de pessoas que diziam que ela queria se matar, por causa da exposição ao sol no esporte.

“É algo realmente difícil psicologicamente, porque você é diferente e deve ter grandes manchas no seu corpo. Mas eu tento pensar que somos únicos.”Na terça-feira (16), Hedvig terá mais um desafio pela frente: o jogo contra o Brasil está marcado para as 13h, hora de sol forte, no Maracanã. A previsão do tempo, porém, pode animá-la. Segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro, pode haver chuva fraca a moderada e tempo nublado durante a partida.

O vitiligo – A diminuição da exposição solar é uma das orientações da Sociedade Brasileira de Dermatologia para pacientes com diagnóstico de vitiligo, como a goleira sueca. A entidade também recomenda o combate a outros fatores que possam precipitar o aparecimento de novas lesões ou acentuar as já existentes – como evitar o uso de vestuário apertado, que provoque atrito ou pressão sobre a pele, e controlar o estresse.

De acordo com a sociedade médica, o vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões se formam devido à diminuição ou ausência de melanócitos – células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele.

As causas ainda não estão claramente estabelecidas, mas fenômenos autoimunes parecem estar associados ao vitiligo. Além disso, alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a condição.

Ainda segundo a entidade, não existem formas de prevenção do vitiligo. Como em cerca de 30% dos casos há histórico familiar, os parentes de pessoas afetadas pelo quadro devem fazer vigilância periódica da pele e recorrer ao dermatologista caso surjam lesões.

Agência Brasil

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