Rita acordou eufórica, olhou para o lado da cama, onde o marido, barrigão pro teto, roncava sem dó nem piedade. Nem ligou, não era aquilo que tiraria a alegria do seu domingo, dia de comemorar o primeiro mês do Osvaldinho, o filho que tanto desejou depois de tantas e tantas tentativas frustradas.
Levantou ligeira, silenciosa como uma gata, como se possuísse almofadas nos pés. Foi até o berço ao lado, onde o pequenino ainda adormecia, como se nem desconfiasse que a vida não é apenas feita de peitos jorrando leite. Nada como a inocência dos primeiros momentos fora da placenta!
A mãe de primeira viagem passou boa parte da manhã arrumando os últimos detalhes para o tão esperado evento. Por um bom tempo, teve que dedicar atenção quase exclusiva ao filho, apesar da insistência do marido, o Osvaldão, que, como se fosse ainda menino, recorria a olhares tristonhos e bicos para ganhar mais uma lata de cerveja, enquanto permanecia com o traseiro pregado ao sofá diante da televisão.
Às 16h, os convidados começaram a chegar. Não muitos, já que Rita não havia se dado conta do feriado prolongado, quando várias amigos viajaram para a praia. Seja como for, ela não se cansava de carregar seu bebê no colo e, toda orgulhosa, o exibia para todos.
– Não é lindo demais o meu Osvaldinho?
Todos, sem exceção, concordavam com um aceno de cabeça, às vezes até mesmo com um largo sorriso, o que só aumentava o estado de euforia da Rita. Certa ela estava que o Osvaldinho era mesmo o menino mais lindo do mundo. Um príncipe!
A festa ia avançando, as pessoas se despedindo da anfitriã, carregada de uma boa dose de alegria materna, enquanto o Osvaldão, ainda com os gordos glúteos pregados ao sofá, tentava acertar a boca com mais um gole de cerveja. Enquanto isso, o Osvaldinho descansava o sono dos inocentes lá no seu berço esplêndido.
Solange e Augusta, duas amigas de longa data da Rita, já estavam na esquina, quando começaram a conversar sobre a festa.
– Já fui a velórios mais animados.
– E você viu aquela coxinha toda cheia de óleo? Vou ter que tomar um remédio pro fígado,
– E o Osvaldinho? Que menino mais feio! Será que a Rita tá ficando cega?
– Solange, por acaso você já viu uma coruja achar o filho feio?