A flatulência – ou pum como é educadamente conhecido – se inalado em pequenas doses, reduz os riscos de câncer, ataques cardíacos e acidentes vasculares. É o que afirmam cientistas cujo estudo foi publicado no Royal Society Chemistry. O pum nada mais é que sulfeto de hidrogênio produzido pelas bactérias trabalhadoras que ajudam a digestão em nosso organismo. Mas em Maceió é proibido peidar.
A.J.S, um motorista de Alagoas que prefere o anonimato, está clamando por ajuda federal. Precisa que a instância superior do órgão municipal de trânsito da sua Capital, talvez o Conselho Nacional de Trânsito – Contran, chame a atenção daquela subautarquia e tome providências para inibir seus comandados estaduais de promover aberrações como a que observamos na multa que A.J.S. recebeu.
Reproduzimos aqui (foto) para que as autoridades em Brasília investiguem o caso. Afinal, liberar gases é necessário para o bem da nossa saúde. Mas em Maceió você será enquadrado no Artigo 169 do Código Nacional de Trânsito que diz ser “infração leve (deveria ser gasosa) dirigir sem atenção ou sem cuidados indispensáveis à segurança”.
Muitas vezes, para liberar o pum precisamos de uma posição levemente mais favorável do que aquela que assumimos ao dirigir. Veja a justificativa da Prefeitura de Maceió:
“Condutor passou balançando a cabeça reclamando da viatura, desviando totalmente sua atenção do trânsito”.
Se você altera sua posição ao volante, o que é recomendado pelos médicos para ativar a circulação e reacomodar os músculos, é claro que a posição da cabeça também será alterada. Esse gesto foi interpretado como reclamação pelos videntes e sobrenaturais agentes de trânsito maceioenses.
Outra: A.J.S. milagrosamente desviou “totalmente” sua atenção e ainda assim não provocou qualquer acidente. Um milagre! Além do fato de que os paladinos do asfalto de Maceió têm super faro e mesmo observando um condutor “passando” em seu veículo, sentiram o odor característico e necessário à vida.
Aos desavisados, atenção. Em Maceió é proibido peidar.
As leis brasileiras, inclusive a máxima, precisam ser revistas. Estão recheadas de capítulos, artigos e parágrafos inúteis e outros de interpretação imprecisa. São dúvidas que legitimam agentes credenciados a cometer arbitrariedades e verdadeiros absurdos, com ou sem má fé. Inclusive proibir o cidadão de peidar em Maceió.
O agente nº 1503 da Superintendência Municipal de Transporte provavelmente não é do nosso planeta. Ele prende a flatulência, não solta puns, apenas multas e deve ser essa a razão do seu mau humor, desopilado nos incautos que passam à sua frente. Peida Agente 1503, peida, você vai adorar!
O Brasil é definitivamente o país da piada pronta. Mas não tem a menor graça que determinadas autoridades tenham fé pública, quando registramos diariamente os desmandos praticados em todas as instâncias.
É uma vergonha que a sociedade tenha que enfrentar pequenos conflitos, quando o desafio para sobreviver é gigantesco. A receita da indústria de multas também é enorme e precisa de um controle maior.
Fica um recado aos turistas que embelezam a Capital alagoana e deixam uma boa receita nos cofres da prefeitura: se peidar, não dirija em Maceió.
No mínimo vai gerar outra dúvida que é saber se passageiros também vão ter que pagar os mesmos R$ 53,21?
Nas esquinas de Maceió o comentário é de que o Agente 1503 será candidato ao prêmio perfume em 2018. Pelo menos, para ele, é melhor do que alguém, vítima de sua caneta, o compare àquilo que vem depois do pum.