Mentira como capital
Som do carro anunciando uma pamonha soa melhor que a voz de um político
Publicado
em![](https://www.notibras.com/site/wp-content/uploads/2025/02/palhacots.999570-09022016-_dsc9328.webp)
Quem na vida pregressa nunca viajou na maionese durante a quinta série? Quem nunca tomou uma injeção no glúteo, a popular picada no Forever? Quem não se lembra do tempo em que virgem não era somente um dos signos do Zodíaco? Quem não se recorda do chinelo usado como drones voadores? É mentira alguém dizer que esqueceu a máxima do Zeca Pagodinho, para quem malandro é o pato, que nasce com os dedos colados para não usar aliança? Como falei da mentira, qual o tipo de brasileiro que desconhece que ela (a mentira) é o principal capital político da maioria de nossos governantes e congressistas? Os mentirosos, é claro!
Mesmo fora do período eleitoral, não há como deixar de falar ou zoar os políticos. Afinal, atualmente boa parte deles é o centro das atenções na esfera policial e uma boa referência para o mundo das piadas. Por exemplo, não tenho dúvida em afirmar que encontrar hoje um parlamentar com 30 anos de mandato sem manchas no currículo é o mesmo que buscar no mercado uma prostituta de 30 anos de profissão ainda virgem. Uma pena, mas o resultado de qualquer pesquisa séria indicará que 95% da população brasileira não acreditam nos políticos. Os 5% restantes são políticos.
É por isso que é tempo perdido tentar saber o tempo verbal na frase “Eu procuro um político que trabalhe para o povo”. Confesso que em meus devaneios mais primitivos já tentei escrever um livro com piadas políticos. Abandonei a obra no meio do caminho, após descobrir que eles acabariam roubando a graça. Consciente de que a visão de quem produz um texto qualquer é normalmente diferente de quem o lê, optei por seguir o aconselhamento de um pensador, cuja tese é a de que aquele que só precisa de palavras não compreende o significado das atitudes.
Assim são os políticos. Eles falam muito e pouco ou nada fazem. Enquanto rascunhava meus escritos, percebi que a política é como uma bronha, apelido suburbano da científica e medicinal masturbação. Uns fazem com a direita, outros com a esquerda, mas, no fim e ao cabo, só eles (os políticos) é que sentem prazer. O pior é que nada mudou entre os tempos da quinta série e o da maioridade eleitoral. Os brasileiros patriotas e os coxinhas brigando por política e eu buscando resposta para uma pergunta que não está nos livros: Por que a galinha bebe água e não mija?
Sei lá. Embora saiba que nada sei, o que sei é que, à direita ou à esquerda, todos os extremistas são chatos. Uns são intragáveis, outros asquerosos. Disse a meu vizinho vascaíno que, caso ele se encaixe em um desses perfis, melhor seria pegar seu boné, deixar o banquinho e seguir em frente, sem perturbar os flamenguistas e, principalmente, aqueles que pensam diferente. Como sou de centro esquerda, mais para a direita, volver, prefiro mil vezes o som do carro da pamonha do que ouvir a voz estridente de um político que acha que sabe tudo.
Por falar em mentira, a maior verdade da atual quadra da vida é a do bêbado informando ao bebum que o dinheiro público só não entra nos bolsos de políticos quando a calça é nova. Antes que perguntem, a explicação para eu ter abortado o livro de piadas políticas é simples: Lula estudou até a 4ª. série e é presidente pela terceira vez; Jair Bolsonaro é capitão e quis dar o golpe para mandar em general; Tiririca é semialfabetizado e é deputado federal de quatro mandatos consecutivos. E eu me matando de estudar para ser alguém na vida. Vou ser político? Acho que não, porque realmente a política é como uma piada. A diferença é que quem ri por último é o eleitor.
……………………….
*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
![](https://www.notibras.com/site/wp-content/uploads/2021/08/logoNotibrasTopo.png)