José Escarlate
Noite dessas, tive um sonho gostoso. Sonhei que estava no bar Jangadeiro – logo eu que não bebo – jogando conversa fora, o que é uma delícia. O Jangadeiro era o início de um circuito obrigatório da juventude da minha época, em Ipanema.
Naquele tempo, o Veloso ainda era Veloso, antes de virar Garota de Ipanema. Tinha o Zeppelin, o Castelinho, não esquecendo o Mau Cheiro, no Arpoador, onde os intelectuais se reuniam para beber, sob a desculpa de discutir a política cultural do país.
O ponto, era o preferido da excelente Rose di Primo, uma das maiores musas do verão brasileiro em todos os tempos . A sempre risonha Rose foi quem revolucionou a moda mundial. Um dia, resolveu adaptar um biquini que usava na praia e, sem querer, acabou inventando a “tanga”.
O poeta dizia que “nua, ela inspirava mais pureza do que muitas mulheres de hoje, completamente vestidas”.
O Jangadeiro nasceu como Bar Rhenânia, sendo rebatizado após a declaração de guerra à Alemanha.
Sede da Banda de Ipanema, os artistas e escritores que por lá faziam morada eram conhecidos como Bando de Ipanema. Rubem Braga, Fernando Sabino, Gláucio Gil, Millor Fernandes, Vinícius de Moraes, entre outros, que tinham como musa a atriz Tônia Carrero.