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Sol e chuva

Sonho da casa própria faz Chica encher miaeiro com moedas do seu suor

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto de Arquivo/Marcello Casal Jr/ABr

Em um pequeno vilarejo no Cabo de Santo Agostinho, onde a vida segue tranquila e os passarinhos anunciam o amanhecer com seus cânticos, vive Dona Chica. Uma senhora de 45 anos, que caminha a passos lentos contra o tempo. Sorriso largo e olhos brilhantes, ela sempre carregou em seu coração um sonho comum à maioria dos brasileiros: comprar a casa própria.

Dona Chica mora de aluguel em uma casinha simples há alguns anos, mas que já se tornou parte de sua história. Apesar do aconchego, ela deseja ter um cantinho só seu, onde possa plantar suas flores sem medo de um dia precisar deixá-las para trás. E assim, a cada moedinha que sobra, ela coloca no seu velho miaeiro.

O miaeiro de Dona Chica não é um simples porquinho de barro. É uma lata antiga, que um dia fora de biscoitos, e agora estava decorada com adesivos de flores, borboletas e corações. É, diz ela, um símbolo de esperança, paciência e perseverança. Toda segunda-feira, após um fim de semana de trabalho exaustivo na Praia de Itapuama, ela retira algumas moedinhas da calça surrada. Depois, com um sorriso maroto, deposita no miaeiro.

O tempo passa, e cada tilintar da moedinha dentro da lata é como um sinfonia para os ouvidos de Dona Chica. Às vezes, ela senta na calçada ao pôr do sol, segura o miaeiro e o balança suavemente, ouvindo o som da sua determinação. Um som que alimenta sua alma e a faz sonhar cada vez mais alto.

Os vizinhos, que conhecem bem a rotina de Dona Chica, admiram sua força de vontade. Algumas crianças das redondezas, quando recebem uns trocados, correm até a casa dela e dizem: “Dona Chica, pode colocar no seu miaeiro!” E assim, aquele simples recipiente de biscoitos se tornou um cofre de solidariedade e amor.

Os anos continuam a transcorrer lentos, como os passos de Dona Chica. Mas ela sabe que finalmente o grande dia se aproxima. Com o coração aos pulos, Dona Chica abre o miaeiro. Lá dentro, descobriu mais do que dinheiro. Havia histórias, sonhos, sorrisos e a ajuda de uma comunidade inteira. Com as economias, ela conseguiu dar entrada em uma casinha charmosa, com um jardim espaçoso e uma varanda aconchegante.

Dona Chica, agora proprietária de seu lar, plantou suas flores favoritas no jardim. A cada manhã, cuida de regar com cuidado e gratidão. E na varanda, em um lugar especial, guardou o velho miaeiro. Não mais para economizar, mas como um lembrete de que sonhos são possíveis quando se tem fé e determinação.

Onde os passarinhos continuam a cantar a história de Dona Chica e seu miaeiro virou uma lenda. Uma prova viva de que, por mais simples que seja um sonho, ele pode se tornar realidade com um pouco de esforço, amor e a ajuda dos que nos rodeiam.

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