Jogando a toalha?
Sonho de Poli de ser o número 1 morre com racismo x misoginia
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emSem muitas chances de suceder Délio Lins e Silva Jr na presidência da seccional Brasília da Ordem dos Advogados do Brasil, o candidato laranja Paulo Poli Maurício parece ter utilizado sua última carta na manga – quem viu, retratou como um zero à esquerda – na tentativa de polarizar a disputa com o candidato do Grupo Azul Everardo Vevé Gueiros. Atrás nas pesquisas, Poli dá a entender que sentiu o golpe. E acusou Vevé da prática de racismo.
Everardo não calou-se. E atacou com firmeza, como quem mira e acerta a mosca no alvo: “Meu grupo é plural; tem branco, negro, amarelo, homoafetivo”, afirmou, em vídeo postado nas redes sociais. Depois, enfatizando que levará o caso à Justiça (coisa que todo advogado entende), deixou uma questão no ar: Poli estaria em condições de responder por casos de misoginia ou mesmo de agressão sexual?
Essa situação reflete uma complexidade de tensões e disputas de poder cada vez mais comuns em sociedades que estão tentando consolidar princípios de diversidade e inclusão. Uma chapa plural, que aparentemente se estrutura para representar uma gama de identidades, incluindo brancos, negros, amarelos e pessoas LGBTQIA+, enfrentando acusações de racismo, parece um paradoxo. Ao mesmo tempo, o acusador sendo suspeito de misoginia adiciona outra camada a esse embate, sugerindo que, mais do que uma discussão sobre valores, os advogados assistem a uma batalha onde diferentes questões de discriminação se entrelaçam, levantando dúvidas sobre intenções e integridade que não correspondem a um ‘céu de brigadeiro’.
A situação ganhará contornos mais dramáticos se realmente parar na Justiça. Por um lado, a judicialização pode ser vista como uma maneira de dar transparência ao caso e buscar uma decisão imparcial; por outro, esse movimento também pode ser entendido como uma tentativa de minar a chapa adversária ou prolongar o desgaste público. É um reflexo de um momento em que os temas de inclusão e preconceito não estão apenas nas pautas de políticas públicas, mas se infiltram nas esferas institucionais e nas batalhas pela liderança de organizações de classe.
No final das contas, essa disputa na OAB em que o grupo de Délio Lins e Silva parece desejar perpetuar-se no poder, talvez revele mais sobre a luta por influência do que sobre uma verdadeira preocupação com os valores de inclusão e respeito.
É certo que a campanha eleitoral acaba de ganhar contornos acalorados e, lamentavelmente, envolveu ataques pessoais e acusações graves. Duas das cinco chapas concorrentes têm feito denúncias e acusações que vão além das questões políticas e administrativas, gerando uma atmosfera de hostilidade. No caso de Everardo Gueiros, porém, é válido enfatizar que ele apenas reage a acusações infundadas. É aquela velha historia de que toda ação provoca uma reação.
Acusar uma chapa de racismo é uma denúncia muito séria, especialmente em uma entidade que representa a advocacia e, em tese, promove a igualdade e o combate a todas as formas de discriminação. Contra o mesmo grupo acusador surgem acusações de misoginia e suposta agressão física. Esse quadro gera um impacto negativo na imagem da instituição e de quem a representa – no caso, a chapa laranja de Poli, apoiada pela atual diretoria.
Esse tipo de conflito traz implicações significativas, pois não apenas polariza a comunidade de advogados, mas também levanta questões éticas e de credibilidade. Para a OAB, como instituição, é crucial que haja uma resolução e que as campanhas voltem a se focar em propostas e planos para a classe, em vez de desviar para conflitos pessoais que minam o processo democrático da eleição.
Jornalista não vota para cargos na OAB. É informado e informa. Pelas informações que chegam à redação de Notibras, o candidato laranja Poli, pelo vídeo intempestivo, estaria propenso a jogar a toalha. Tudo para evitar sentar-se no banco dos réus, como um criminoso comum.