Aventura na montanha
Sorrir, com certeza, sempre será o melhor remédio
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emQuem sobe uma montanha reconhece sua força interior, é fato.
Me sinto como uma criança em um parquinho diante daqueles escorregos coloridos, balanços, minha alegria é a mesma diante de uma montanha e lá vou eu, as vezes com o coração saindo pela boca pelo cansaço mas não
perco a viagem, teve vezes que tive vontade de desistir, algumas de sentar e chorar, mas ao chegar no topo a alegria é sempre indescritível, a admiração pela criação é uma oração silenciosa e a mais honesta.
Não importa se a montanha é a mesma, a natureza nunca é a mesma e eu também não.
Meu amor por esses passeios é tão grande que contagia as pessoas levando algumas delas ao desejo de subir para sentir essa empolgação que tenho ao falar dos meus passeios.
Moro próximo a uma dessas montanhas, uma serra com histórias belíssimas que aos poucos começa a ser contada pelos jornais de Cachoeiro de Itapemirim.
Todos os dias acordo e olho o topo dessa montanha, aprendi analisar até a virada do tempo dependendo das nuvens presentes lá no alto.
Perdi as contas de quantas vezes subi aquele morro, e das inúmeras histórias engraçadas que vivi por lá com meus amigos trilheiros(a), inclusive, houve vezes que não conseguimos subir.
Contando essas histórias no dia a dia despertei o interesse das pessoas e minhas amigas diziam:
– Quero fazer uma trilha com você, me chame!
Pronto, recebo uma mensagem do guia com a trilha marcada, o local? A bela montanha a qual me refiro, a Serra do Caramba em Cachoeiro.
Logo, repassei a mensagem e fiz o convite a um bom número de amigas, tudo certo, combinado com o guia e no dia marcado lá fomos nós montanha acima.
Cansaço de uns, pressão baixa de outros, irritação de outros e por fim a vista espetacular.
Era final de verão, o capim havia crescido assustadoramente e com o início do outono tombou.
Descíamos naquele alvoroço e falatório quando escorreguei e caí com as duas pernas para cima, um belo tombo, levantei rapidamente, mas não consegui parar de rir chamando atenção dos demais.
O guia acostumado comigo não se preocupou, mas tratou de pedir aos outros que tomassem cuidado.
Tentaram.
Pouco a pouco o capim dava rasteira em um a um, escorrega daqui, escorrega dali, um dava rasteira no outro e caiam três de uma vez, a risada tomava conta, era impossível evitar.
Uma de minhas amigas bem cautelosa e fresca disse melosa:
– Ai, é tão ruim cair! Ela se referiu a vergonha que sentia, mas não resisti e já não sabia se ria do tom dela ou da queda.
Olho para trás e vejo três amigas sentadas.
– Por que estão sentadas? Pergunto.
E em meio a muitas gargalhadas uma delas responde com dificuldade para falar de tanto rir.
– Já que não conseguimos ficar de pé vamos descer sentada mesmo.
Aos poucos vejo um bando de adultos rindo da barriga doer e escorregando morro abaixo pelo capim, trazendo para fora a alegria de sua criança interior.
Cheguei em casa toda arranhada e com a leveza de um dia feliz e praticamente uma terapia.
Por dias falamos sobre aquele domingo, e nos sentimos leves.
Penso eu, que a vida quase sempre é simples, mesmo para nós adultos, é só ter boas companhias e rir das quedas.
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Mércia Souza, mãe, avó, artesã crocheteira e escritora. Três livros publicados, participação em diversas antologias, descobriu sua paixão pela escrita aos 12 anos na biblioteca municipal Rubem Braga. Atualmente reside na cidade de Cachoeiro de Itapemirim -ES.