O início de tudo
Sorvete, livro e enfim o ‘Até que a morte nos separe’
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emA primeira vez que passei por aquele sorriso foi numa praça de alimentação, onde a sua dona estava sentada a uma das inúmeras mesas, rodeada por não sei quantas outras. No entanto, aquela garota se destacava, pois parecia muito mais entretida com o livro em suas mãos do que com o sorvete que derretia à sua frente.
Como me fazer ser notado por aquela mulher? Passei por ela tantas vezes, que minhas pernas, já bambas da longa caminhada, imploravam para que meu ânimo jogasse a toalha. Encostei-me no balcão de uma lanchonete e fingi olhar para o grande cardápio preso à parede. Virei o rosto e foi justamente nesse momento em que nossos olhares se cruzaram. Ela abriu um sorriso, como se dissesse o quão tolos são os homens quando tentam chamar a atenção de uma mulher.
Não sei se sorri, mas provavelmente devo ter feito cara de bobo, pois ela soltou uma gargalhada e, confiante, nem tentou disfarçar colocando as mãos na boca. A garota balançou a cabeça e, tive a certeza de que era possível ter alguma chance com ela naquele momento e, fingindo altivez que não me é própria, caminhei até a sua mesa. Entretanto, antes que eu pudesse dizer algo sem qualquer sentido, ela sorriu com aqueles dentes mais lindos.
— Olá! Meu nome é Irene. E o seu?
— Eduardo.
E foi assim que tudo começou, apesar da minha falta de traquejo. Ainda bem que ela aceitou de bom grado minhas respostas curtas e, muitas vezes, sem qualquer sentido. Não sei se a Dona Irene se apaixonou por mim naquele instante, mas, para a minha sorte, esse foi o nosso primeiro encontro.
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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