Um poema
Sós, ninho a dois e o prazer que mata salvando
Publicado
emQuando nos vimos sozinhos
Onde ninguém nos podia ver
Tu esqueceste a timidez
E me ofertaste o teu ninho.
Desejoso de amor eu não o neguei
E em teus braços me acolhi
De tudo e de todos eu esqueci
E aos assédios teus me entreguei
Sentindo da brisa o bafejar incessante
Trazer-me o perfume que de ti emanava
Em dúvida cruel eu me entretinha
Não podia saber o que era mais delirante,
Seria a paisagem que ao nosso redor estava
Ou tu, que em meus braços eu tinha
A ti confiei meus desejos
E embriagado de beijos
Acabei por me entregar.
Em tuas mãos deixei minha vida
E até minh’alma ferida
Tu soubeste cicatrizar.
Em teus cabelos revoltos
Ondeados como o mar
Minhas mãos marinheiras
Neles foram naufragar.
Os teus olhos azuis
Como raios de luz
Olharam-me
Até me cegar.
E como pássaro sozinho
Sem saber voar
Agasalhei-me no teu ninho
A aprendi a te amar.
O tempo vai passando
E um dia,
Não sei quando,
O destino vai nos separar.
Mas enquanto esse dia não vem
Sou feliz por ter este alguém
Que de amor vai me matar.
*Saulo Braga, o Boca do Inferno do século XXI.