Lauro, Alberto e Marcelo estavam sentados à mesa de costume no boteco de sempre. E, entre uma talagada e outra no chope, contavam vantagens como se fossem verdades. Coisas de homens, cuja testosterona precisa ser exaltada para se sentirem machos.
— Cadê o Souza?
— Aposto que a mulher não o deixou sair de casa.
— Pois é, aquele é um panguão!
Quanto mais bebiam, os amigos se enchiam de coragem que jamais tiveram. Era como se aquele trio fosse a essência dos homens de verdade. Na certa, fizeram parte das frentes comandadas por Alexandre, Gengis Khan, Átila e César. Que nada! Com as vozes ébrias, disputavam aos cuspes quem havia sido Napoleão.
Enquanto aqueles três estrosos se embriagavam em devaneios. Souza, duas ruas abaixo, fazia massagem nos pés da Carla, a esposa. Na televisão adiante, os créditos anunciavam o final de “O homem que copiava”. Ao lado, a bacia quase vazia de pipoca. A mulher, cheia de malícia nos lábios, sorriu para o marido.
— Amor, que tal voltarmos para o quarto?
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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