Bartô Granja
O sonho de setores do Ministério Público de ser poder – no sentido de bater na mesa e dizer eu quero, eu posso -, está virando pesadelo. Ao menos no que se refere a salário ainda mais alto. Isso porque, no que depender da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, a grana está curta e não será ela a contribuir para provocar um efeito cascata com riscos de levar os cofres públicos à bancarrota.
Nos meios jurídicos e políticos o que se comenta é que a Lava Jato tem servido de escudo para esconder interesses corporativos imorais dos procuradores. Quando a operação foi iniciada, todos aplaudiram o que poderia ser uma verdadeira bomba atômica contra o câncer da corrupção que corroía e ainda corrói as entranhas dos serviços públicos.
Mas, como o tempo é o Senhor da Razão, bastaram três anos para se levantar o fétido véu que encobria essa e várias outras operações espetaculosas, supostamente urdidas em gabinetes indevassáveis de alguns servidores que são muito bem pagos para inibir atos ímprobos no exercício da função pública. E que optam, consequentemente, por defender bandeiras corporativistas imorais, ilegítimas e inconvenientes.
É o caso da proposta de reajuste salarial que os procuradores pleiteiam, para engordar seus ricos bolsos em 17%. “Ora, a maioria já recebe além do teto legal, com privilégios inconcebíveis como férias de 60 dias por ano, auxilio moradia sem previsão legal e outros penduricalhos vedados a cidadão comum”, atacou um político que costuma avaliar com os pés no chão o cenário nacional.
Ademais, lembra esse informante, a economia nacional vive a pior crise de sua história, onde existem mais de 14 milhões de brasileiros desempregados. Enquanto isso, observa, as denúncias de ilegalidades praticadas por quem deveria promover justiça abarrotam o Judiciário.
E agora, indaga esse político, em tom desafiador, os procuradores querem aumento salarial, por quê?
A verdade – é o que se ouve em diferentes segmentos da sociedade civil organizada – o simples ato de pedir um aumento salarial imerecido já é um escárnio. E a sua concessão, se o Congresso Nacional admitir, representará uma bofetada na dignidade do povo brasileiro, que precisa suar muito para, com trabalho produtivo, sustentar a si mesmo e sua família.