A última semana de maio começa evidenciando a prática corriqueira na Suprema Corte de alterar decisões que possam levar à condenação dos seus protegidos, desfechando mais um golpe mortal na já desacreditada justiça brasileira, ao criar a figura da desomologação de delações premiadas inconvenientes à sua causa.
Estima-se que as denúncias contidas na colaboração de Sérgio Cabral serão capazes de desbancar aquela que poderia ter sido a “delação do fim do mundo”, de Antônio Palocci, não fora ela anulada por subsidiar ações penais contra o ex-presidente Lula, para incluir o mega ladrão no jogo político.
Como se tornou praxe, antes na 2ªturma, a dos “garantistas”, e agora no plenário, o mal vai vencendo o bem por 2X1 com um voto proferido exatamente por aquele que homologou a delação de Cabral em 2020 e que, segundo reportagem da Folha de São Paulo, já havia autorizado a PF a usar dados coletados nas operações Calicute e Boca de Lobo, que levaram respectivamente à prisão de Cabral em 2016 e do seu sucessor, Luiz Fernando Pezão, em 2018.
Com as investigações ameaçando invadir os domínios da “mulher caolha”, certamente Fachin arrependeu-se da boa ação e resolveu levar sua decisão ao plenário, convicto de que aquele enlodado colegiado exerceria o corporativismo, já que a delação trazia em seu bojo uma solicitação de abertura de inquérito contra Dias Toffoli, utilizando e-mails, agendas e outros documentos como indícios de suposta venda de decisões.
Afinal, se o submisso Congresso, que possui o condão constitucional de realizar a limpeza da Suprema Corte não o faz, por que os comprometidos ministros o fariam?
As sucessivas mudanças de entendimento do STF são sistematicamente calcadas em filigranas jurídicas discutíveis, fruto de um sistema hipotecado aos poderosos, em detrimento da investigação de graves crimes de lesa-pátria comprovadamente cometidos.
Tudo isso faz parte de um jogo de xadrez magistralmente executado por todo um sistema estrategicamente arquitetado para o retorno ao poder da esquerda derrotada nas urnas.
Se, jogando com as pedras brancas, o povo se contenta com passeios a cavalo e de moto com o Presidente, muito úteis para as eleições de 2022, mas que nada representam no enfrentamento desta guerra, as pedras negras se aproximam rapidamente do Rei para o xeque-mate, com o Senado Federal tentando transformar o uso da cloroquina em genocídio nacional, por meio de uma farsa travestida de CPI, com um relatório pré-fabricado, a ponto de o seu presidente declarar publicamente em entrevista que já vê elementos para responsabilizar o Presidente por omissão no combate à pandemia, e que “em sua avaliação, os depoimentos prestados até agora já mostram que Jair Bolsonaro nunca quis comprar vacinas”; afirmou ainda que “a gente identificou que eles apostavam no tratamento precoce, e não na vacina. Nunca foi intenção comprar vacina. Foi o grande erro do governo”. Afirmou ainda que: “Enquanto o mundo apostava na vacina, o Brasil apostava no tratamento precoce, imunização de rebanho e protocolos que não funcionaram”.
Por seu turno, os tiranos de toga apertam o cerco, ditando prazos cada vez mais curtos para o Executivo e o Legislativo justificarem, a pedido de partidos nanicos e entidades aparelhadas, suas ações mais triviais, que sejam contrárias aos interesses da quadrilha.
A providencial e indecente decisão da nulidade da delação de Sérgio Cabral, um dos ícones da roubalheira no Brasil, com incriminação de autoridades participantes de praticamente todo o alto escalão dos sistemas político e jurídico da vida nacional, somada à obscena anulação já decretada da delação de Antônio Palocci, irão ferir profundamente a já abalada imagem do País no cenário internacional, hoje conhecido como um dos líderes no ranking da corrupção e da impunidade graças à insegurança jurídica reinante.