Era uma vez três porquinhos. Cícero e Heitor, acomodados, decidiram acatar sugestão de Prático e juntaram suas economias para montar uma rede de restaurantes em Brasília. A única ressalva era não ter no cardápio costela de porco e pernil suíno.
Mas, como os três, figuras importantes na sociedade brasiliense, envolvidos em diferentes compromissos profissionais e agendas cheias, entraram com a grana como investidores e deixaram a administração das casas nas mãos do ex-temerário Lobo Mau, aquele que comia a vovozinha.
Esse foi o maior erro do trio. Porque o Lobo Mau, compulsivo sexual contumaz, passou a assediar moral e sexualmente as chapeuzinhos-vermelhos. O caso foi parar na polícia. E a turma chic, que frequentava esses ambientes chics, viu que estava patrocinando uma sujeira. E a caçada ao Lobo Mau começou.
Os dois primeiros restaurantes, abertos como ponta-pé inicial do que se supunha viesse a ser uma grande rede, são o Amano (411 Sul) e Fuego (112 Sul). As mesas estão sempre ocupadas por advogados, magistrados (inclusive ministros das mais altas Cortes), senadores, deputados e os mais altos representantes do PIB da capital da República.
Ambientes para comensais chics, onde muitos usam cartões corporativos para pagar a conta. Na carta de vinhos, por exemplo, rolhas das mais consumidas pela aristocracia europeia, desde um Chateau Clinet AOC Pomerol, ao custo de 2 mil 334 reais, a um Chateau Smith Lafitte, com a garrafa saindo a 4 mil 93 reais. E põe 10% do garçom.
Os pratos, todos individuais, variam de 179 reais (Prime Rit, parte dianteira do contra-filé) a um polvo, que custa, segundo o cardápio, 189 reais. Nada mais justo. Para gente requintada, comida e bebida esmerada.
Os negócios iam bem entre os três porquinhos até que o Lobo Mau, também conhecido por Leandro Caetano Pompeo, decidiu exigir a transferência de uma funcionária do Amano para o Fuego, onde o Lobo Mau mantinha sempre os olhos abertos para jovens e belas empregadas. Até porque, era no Fuego que ele ocupava a maior parte do tempo.
Carne nova no pedaço (não no cardápio) pensou Leandro. E começou a assediar a moça sexualmente. Diante das recusas a um ser repulsivo, o Lobo Mau passou para o assédio moral. Gritava com a garbosa moça na frente de funcionários e clientes. E tentou encoxá-la contra o balcão, quando a casa estava praticamente vazia.
A funcionária, casada, respeitada e respeitadora, com a mente, o coração e o corpo destinados apenas ao marido, não aguentou tanta pressão. E reagiu, sugerindo que o Lobo Mau procurasse outra chapeuzinho vermelho, embora, por seus modos, muito mal conseguiria sucesso com uma vovozinha.
Enfurecido, Leandro gritou pelo nome do gerente do Fuego e determinou que a a moça, uma verdadeira dama, fosse demitida sumariamente por justa causa. Posta para fora do restaurante, seu primeio efoi ligar para um advogado. Os dois se encontraram na 1ª Delegacia Policial, onde foi registrado o B.O. de número 5029/2022-1 1. Depois a polícia levou a vitima ao restaurante, para retirar seus pertences e dar ciência da queixa-crime.
Um dos sócios, vendo-se num cai-cai da corda bamba, tenta abafar o caso. Mas sabe que defender seu sócio Lobo Mau na Lei Marinha a Penha, não será tão fácil como foi livrar Admar Gonzaga do que fez o ex-ministro bolsonarista com a ex-esposa.
A funcionária, que foi indevidamente demitida por rejeitar as cantadas do chefe Don Juan, não quer o emprego de volta. Quer seus direitos trabalhistas, como um empregado que é dispensado como qualquer outro, mas respeitadas as leis trabalhistas. Quanto ao seguro desemprego, ela nem pensa nisso. O valor da ação por danos morais, injúria, assédio, difamação etc será suficiente para que monte seu próprio restaurante.
Este é o primeiro capítulo da história de um Lobo Mau que mais uma vez se deu mal. E os defensores dos direitos humanos já prometem cair de pau em cima de Leandro, com a fúria dos lenhadores que, com seus machados, abriram a barriga do lobo para resgatar a vovozinha.
Teremos mais capítulos pela frente.