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Última do ano

Superlua, prata no sertão, é joia afogueada na vastidão do mar

Publicado

Autor/Imagem:
José Seabra - Foto Acervo Pessoal

Se no sertão a Lua ‘nasce por detrás da verde mata, parecendo um Sol de prata alumiando a escuridão’, no litoral a superlua dessa quinta, 17 – a última do ano -, surgiu como uma joia gigante, iluminando com sua luz afogueada a vastidão do mar. O horizonte pareceu dissolver-se entre o Céu e as águas, como se nosso satélite fosse a rainha silenciosa de um reino aquático.

À medida que ela subia majestosamente, cada onda se vestia de prata, dançando com a brisa suave, num balé hipnótico que só a natureza sabe coreografar. A superlua encheu o ar com uma sensação de mistério. Quem olhou para o céu sentiu-se ainda menor diante da imensidão do Universo, embora profundamente conectado a ele.

A Lua, mais próxima da Terra do que de costume, parecia querer revelar antigos segredos. Talvez histórias de navegadores que se guiavam por ela ou de poetas que, em noites como esta, encontravam inspiração em seu brilho magnético.

Na orla, as pessoas se reuniram para admirar o espetáculo celestial. Crianças corriam pela areia, tentando pegar as sombras de si mesmas que, sob a luz da Lua, pareciam ganhar vida. Casais caminhavam em silêncio, mãos entrelaçadas, como se estivessem sob um feitiço suave. Houve algo mágico, uma sensação de que, por alguns momentos, o tempo havia parado, e tudo o que importava era a serenidade trazida por aquela luz inflamada.

O mar, com sua vastidão, refletiu o astro como um espelho infinito. Barcos ao longe balançavam suavemente; suas velas brancas contrastando com o céu que escurecia. A natureza traçou uma pintura viva, onde cada detalhe contribuiu para uma harmonia perfeita.

Essa última superlua do ano não foi apenas um fenômeno astronômico, mas um lembrete de que, mesmo em meio à correria da vida, ainda existem momentos de pura beleza que nos ligam com o resto do mundo. Momentos em que podemos parar, respirar e nos maravilhar com a grandiosidade que nos cerca. Enquanto a Lua subia, a impressão que fica era que o mar e o Céu sussurravam em uníssono: a beleza está nas coisas simples; basta parar e observar.

Aqui, um apêndice esclarecedor do cronista: não se buscou plagiar Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, autores de Luar do Sertão. Na música buscou-se inspiração. No interior nordestino, a Lua desponta por trás da vegetação, trazendo luz à escuridão da terra árida. É uma imagem que evoca sensação de tranquilidade; de uma região que, mesmo em sua dureza, é capaz de produzir beleza e momentos de paz. Já no litoral, a Lua nasce sobre o mar, iluminando o vasto horizonte aquático. A imensidão do oceano se reflete na vastidão do Céu, criando um cenário de amplitude e liberdade. Os dois cenários, por mais diferentes que sejam, compartilham o mesmo astro. Enquanto no sertão ele ‘alumia’ o que está mais perto, no litoral parece destacar o distante, o infinito. É um jogo de contrastes revelando como diferentes paisagens podem despertar sensações distintas. Ambas, entretanto, igualmente marcadas pela presença da natureza, imponente e serena.

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