A panaceia atribuída a Lula, no momento da análise de sua condenação pelo TRF-4, forma uma pilha de documentos, imagens, gravações, opiniões, análises de especialistas, próprios de filmes da franquia 007. Alguns são tão verossímeis que fazem os mais atentos avaliarem seriamente a possibilidade de um exílio, cujo possível endereço será a cidade de Adis Abeba, capital da Etiópia, um país da África Oriental, cujo território é mediterrâneo. Ou seja, lá não tem praia. Ou seja, nada de tríplex. Ou seja, isso é verdade.
Outro documento também verdadeiro, segundo uma fonte bem situada que circula com liberdade por Brasília, informa a programação do evento ao qual Lula diz que vai comparecer para uma palestra a convite da FAO, uma daquelas organizações odiadas por Donald Trump, vinculada à ONU – Organização das Nações Unidas, e dedicada à agricultura e à alimentação. A FAO é presidida pelo ex-ministro do PT José Graziano. Humm…
No documento está claro como será o encontro: “A High-Level Forum”. Considerando que além de Lula estará presente um segundo ex-presidente, o da Nigéria, Olusegum Abasanjo, parece que também tudo é verdade.
O fórum de altíssimo nível acontecerá no dia 27 de fevereiro próximo, quando Lula viaja para lá dois dias após o resultado de seu julgamento em Porto Alegre. Três assessores indicados pela Presidência foram autorizados a acompanhá-lo e a conta de 30 mil reais do passeio vai sair do nosso bolso. Mais uma verdade.
O nativo mais ilustre daquele país é uma mulher, Lucy. Ela nasceu há mais de 3 milhões de anos e seu crânio percorre exposições em turnês pelo mundo. É preciso avisar o palestrante que Lucy é um fóssil. Nada de inferências sobre como ela morreu. A Etiópia inventou o café, não a cana. Lucy aparentemente morreu de uma queda. Ah, então tá. Tudo isso é igualmente verdadeiro.
Considerando tantos indícios, apenas os verídicos, claro, chegam informações adicionais afirmando que a teoria do exílio de Luiz Inácio Lula da Silva é correta. Ele teria escolhido aquelas terras habitadas por cerca de 90 milhões de africanos porque de lá ele não sai, ninguém o tira. Não há acordo de extradição entre o Brasil e aquela nação. Talvez o Itamaraty entenda que ficar por lá já é um castigo.
E aí vieram as teses que pretendem fundamentar ainda mais a fuga de Lulalá – na Etiópia:
- Lula não teria o preparo de José Dirceu ou Dilma para suportar o cárcere;
- sua prisão no Brasil poderia repercutir nas ruas, causando alguma instabilidade política, de governança, de depredação e limpeza pública;
- a vitimização de Lula poderia alavancar um novo representante do PT, com chances de vitória nas próximas eleições;
- manter Lula no xilindró no Brasil seria mais caro do que despachá-lo para os quintos da Etiópia;
- além disso, nenhum dos remanescentes governantes ou autoridades jurídicas teria que carregar a chaga de ser seu algoz;
- que o TRF-4 já teria sido informado por forças ocultas que seus juízes estão obrigados a manter a pena de Moro, senão…
- que a economia brasileira não suporta mais as infindáveis buscas, apreensões, delações e que a mídia deve ser abastecida com votos de esperança;
- a autorização de Temer para que os assessores acompanhem Lula não tem outro motivo a não ser ter a certeza de que ele ficará por lá, com ou sem os seus containers;
- assim, o Brasil renasce varonil e tudo volta ao normal, enquanto Lula, em seu novo sítio de Adis Abeba, conspira para ver, quem sabe, Temer virar Lucy.
Um enredo que pode estar combinado há muito tempo e envolve muitos personagens que não podemos revelar. Será verdade? Alguns observadores que tiveram acesso aos documentos confidenciais afirmam que a teoria da conspiração nesse formato pode ser uma boa ideia. Mas isso é coisa da oposição…