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Supremo se articula para abortar na Câmara golpe para soltar golpistas

No mundo e na atual política tem bobo para tudo. Nos Estados Unidos, por exemplo, há americanos que ainda acreditam que Donald Trump seja a reencarnação de Abraham Lincoln. Nada diferente do Brasil, onde veem aquele moço do golpismo como um primo irmão dos anjos Miguel, Rafael e Gabriel. Entre anjos e demônios, diria que ambos estão mais para aquele tipo de espantalho que, após assustar criancinhas, velhos e “patriotas” com inteligência artificial, vira banheiro a céu aberto de periquitos, pombos, corvos e gaviões. Como Donald não merece mais do que um verbete, me limito a reiterar que, em novembro, ele deverá tomar uma Kamala pelas “trompas”.

No Brasil, a bobagem dos bobos é achar que os antagônicos que eles avaliam como bobos são tão bobos como eles. Depois de insistentes pedidos do moço dos gritos histéricos pela anistia dos terroristas de 8 de janeiro de 2023, um grupelho de deputados de sua falange resolveu apostar em um projeto de lei para salvar a pele dos milhares de golpistas que, em nome da vitória forçada do ex-presidente derrotado, vandalizaram a sede dos Três Poderes. Os bandoleiros foram presos, condenados e trancafiados em nome da lei, da ordem e da democracia.

Mais realistas do que o rei e, talvez, mais espertos do que o engolidor de cobras ou do que o enxugador de gelo, os deputados vinculados ao atraso político acreditam piamente na aprovação da proposta. Como na casa do vale tudo nada é impossível, pode ser. A forma como suas excelências agem me leva a crer que elas se imaginam deuses e deusas sem chão. Esquecem que, do outro lado da Praça, também há excelências. A diferença é que essas não se imaginam deuses. Elas têm certeza. Por isso, acreditem menos na força de uma proposição descabida, malandra e exclusivamente guerrilheira.

Será que Alexandre de Moraes e a maioria de seus pares perderam tanto tempo avaliando os processos dos paus mandados para nada? Será que eles dariam esse mole? Obviamente que não. Ao contrário do que pensam as excelências de terno, as de toga não são bestas. Só os deputados do tipo robôs não percebem que o projeto tem efeito estimulador de crimes contra a honra, contra o Estado Democrático de Direito e ainda viola o princípio da independência entre os poderes, o que provavelmente o tornará inconstitucional.

É esperar para ver. Seja comandado pela esquerda doutrinadora, pela direita birrenta e dominadora ou por qualquer segmento político menos abestalhado, o Brasil tem regras. Está na lei que é crime tentar depor, por meio da violência ou da grave ameaça, um governo legitimamente constituído ou impedir e restringir o exercício dos poderes constitucionais. É o que propõe o projeto produzido, apresentado, negociado e levado à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pela trupe do Partido das Lágrimas, o grande, mas boquirroto PL. Apesar de absurda, a proposta tem eco, conforme o pífio, desordeiro e sem noção argumento de que o “evento” protagonizado pelos doidinhos que não sabem perder ocorreu porque o presidente eleito subiu a rampa do Planalto uma semana antes do prazo. Subiu porque venceu.

Pior fez o outro que, mesmo derrotado, não queria descer. Idealista do caos e visionário do mal, o tal deputado também deve ter achado normal fechar rodovias para impedir que eleitores opostos votassem. Para ele, ameaçar de morte um presidente eleito e satanizar seus apoiadores foi apenas uma brincadeira de crianças armadas até os dentes. Em outra vertente, já ouvi deputados avaliando como idiotice a relação entre o agro e os incêndios. Concordo, mas acho que os idiotas são capazes de tudo, inclusive a autoimolação para prejudicar um adversário. O sonho sonhado pelos fanáticos seguidores do estagiário de feiticeiro e o 4º. “reich”. Contra ele, só nos resta orar. Oremos para que o Führer do Supremo Tribunal Federal convença seus pares da toga para que, juntos, botem o pau na mesa e derrubem o pombo sem asas antes mesmo de sua aprovação.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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