Nas entranhas da história, onde o tempo se funde,
Matrizes ancestrais dançam sob o manto da noite,
Sussurros de fé e sabedoria, em rituais de esperança,
Resistem à sombra do preconceito, à luz do açoite;
O canto dos atabaques ecoa nas encruzilhadas,
Oxalá, Iemanjá, Ogum, Ossaim, Exu,
Nomes sagrados que o vento sussurra nas alvoradas,
Mas o preconceito persiste, como um veneno em fluxo;
Nas ruas, olhares atravessam corpos negros,
Como se a pele fosse um pecado, uma heresia,
E o racismo, irmão siamês do preconceito religioso,
Incendeia a alma, aprisionando a harmonia;
Nas vielas esquecidas, os orixás dançam,
Traçando passos ancestrais na terra vermelha,
Ossos e memórias interligados, como contas de um colar,
E o preconceito, como um vento gélido, dificulta o caminhar;
Ogum, com sua espada afiada, protege os filhos,
Mas o olhar desconfiado persiste, como um veneno,
Exu, o mensageiro astuto, ri nas encruzilhadas,
Desafiando os grilhões invisíveis que aprisionam o ser humano;
Iemanjá, mãe das águas, chora lágrimas salgadas,
Pela dor dos que sofrem, pelo ódio que não cessa,
E Oxalá, o criador, estende os braços em prece,
Pedindo que a luz da compreensão dissolva as trevas.