Dia de diplomação
Tá ‘tite’ como o técnico, capitão? Fica não. Lula está chegando…
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emBem vindo de volta à realidade Brasil. E a referência de hoje são aos dois brasis derrotados: o do despreparado Jair Messias e o do enganador Tite. Coincidências existem em qualquer setor da vida. Não seria diferente na política e no esporte. Dois segmentos distintos, dois pseudo salvadores da pátria e, perdoem-me a sinceridade, duas fraudes. Os resultados são palpáveis e estão aí para serem avaliados por leigos, estudiosos, simpatizantes e fanáticos. De um lado, um país que não deu certo por quatro anos; de outro, uma seleção de futebol que frustrou 213,3 milhões de brasileiros. Perdão mais uma vez, pois esqueci de excluir desses 213,3 milhões os “patriotas” que torceram contra o escrete canarinho. Vestiram amarelo para buscar uma vitória – o golpe – que certamente não virá nem na próxima encarnação. Terão de esperar por dias melhores.
Talvez seja melhor transformar as citadas coincidências em curiosidades ou constatações absolutamente negativas. O tenente Jair convocou para o governo uma turma de ideólogos, de paus-mandados e aventureiros, enquanto Tite, o filósofo de masmorra erótica, optou pelos parças, amiguinhos do coração, idosos com muito tostão e atletas sem condição física. Por isso, é natural que ambos tenham começado 2018 como terminam 2022: melancolicamente. Todos lembram quando um cidadão autodenominado mito estranha e fatidicamente venceu uma eleição presidencial. Longe de ser cabalístico, 2018 foi o começo do longo calvário da nação e da seleção de Aldenor Leonardo Bachi. Embora estivesse à frente da seleção há seis anos, Tite começou a fracassar efetivamente há quatro anos, na Copa organizada por Vladimir Putin.
De lá para cá, os fatos pesarosos se sucederam. Perdemos na Rússia, ainda nas quartas de final, vimos Los Hermanos campeões da Copa América em gramados nacionais, enfrentamos uma gripezinha que já matou quase 700 mil patrícios, não reagimos à fome de milhões de irmãos, fomos isolados do mundo, acusados de lavar as mãos na invasão putiniana da Ucrânia e incapazes de se manifestar contra Donald Trump no episódio da invasão do Capitólio. Implantado o negacionismo e a rebeldia sem causa, terminamos o ano eliminados pela Croácia e ainda somos obrigados a assistir, em silêncio e de camarote, à baderna financiada pelo agronegócio de um bando de desocupados que atende pelo codinome golpistas.
Nesses quatro anos, o gado bolsonarista viu desmoronar um castelo de areia construído sobre um alicerce de mentiras, ameaças e xingamentos gratuitos. Metaforicamente, a turma de Tite teve um fim ainda mais grotesco: foi do céu ao inferno em menos de uma semana. Na verdade, foi do bife de ouro à carne de pescoço servida pela Croácia e da dancinha festiva ao chororô. Aliás, o choro da derrota é mais uma das coincidências curiosas entre os dois grupos. A diferença é que o de Tite aceitou e já embarcou de volta às origens. Quanto ao de Bolsonaro, é triste de ver, mas seus integrantes permanecem tomando sol e chuva e gritando palavras desconexas de ordem. É a sina daqueles que não admitem perder. Felizmente, o choro é livre.
De concreto, apenas duas constatações: assim como o Brasil foi demais para Jair Messias, a seleção se mostrou grande demais para Aldenor Bachi. Nesse amontoado de coisas negativas que foram o (des) governo Bolsonaro e o escrete canarinho, pelo menos duas coisas positivas: o país não terá mais um feriado nesta terça-feira (13) e Bolsonaro não levantará a taça junto com os abutres do golpismo. Pago pelo erro alheio desde janeiro de 2018. Por isso, estou pensando seriamente em chutar o balde. Como em um desses memes sacanas, minha disposição é trabalhar somente até 12h na terça-feira. Depois, churrasco e cerveja. Não vou mais me prejudicar pelo erro dos outros. Agora é esquecer a Croácia e pensar no Natal e nos próximos títulos do Flamengo.
A lista de coincidências realmente é extensa. Por exemplo, o mito virou as costas para seu eleitorado por longos 40 dias. Tite ignorou a torcida ainda na arquibancada. Por essas e outras, ambos dançaram feio. A diplomação de Luiz Inácio como 39º presidente da República está confirmada para esta segunda-feira (12). Isso quer dizer que resta aos “patriotas” recolher as barracas e guardar o que sobrou das camisas amarelas. Aos que quiserem insistir, vi anúncios de venda e aluguel do manto canarinho novos em folha. Foram apenas cinco jogos e pouco suor. Portanto, perfeitos para manifestações e vigílias inócuas defronte aos quartéis. Sobre a derrota para a Croácia, a ordem é ficar acampado em frente à sede da Fifa até ela reconhecer nossa vitória. Para sorte do clã Bolsonaro, pelo menos o pen drive de Eduardo foi entregue. Quanto ao ex-técnico da seleção, tá Tite? Fica Tite não! Jesus está chegando. Por fim, Tite e Bolsonaro, tudo a ver.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978