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Tá todo mundo se virando para sobreviver à crise do desemprego. E haja bicos…

Marta Nobre, Edição

O jeitinho brasileiro entra em cena mais uma vez. Agora, para tentar sobreviver em meio à crise econômica que assola o País. Tem muita gente com curso superior cuidando do cão dos outros. E marmanjo – no bom sentido – fazendo as vezes de marido de aluguel, para consertos gerais.

É isso que mostra reportagem do Uol. Com o mercado de trabalho cada vez mais enxuto, as pessoas estão encontrando nos bicos uma alternativa ao emprego fixo ou um complemento para a renda. Alguns acabam fazendo um trabalho bem diferente de sua profissão original. A internet foi uma aliada na hora de começar a carreira alternativa.

Tamires Lustosa, 26, formou-se em engenharia elétrica no final de 2014. Fazia estágio, mas não foi efetivada. Passou a atuar como free-lancer, mas o trabalho não era estável. “Financeiramente estava sendo difícil. Foi um período muito complicado”, conta. Decidiu, então, fazer um bico cuidando de animais.

Em outubro do ano passado, começou a oferecer serviços de dog walker (passeio com cães), babá e hospedagem de animais em sua casa. “Foi uma alternativa por causa da crise e foi super bem-vinda no final do ano, porque teve muita procura.”

No início, esse bico tornou-se sua principal fonte de renda. Em fevereiro deste ano, ela foi efetivada no trabalho onde era free-lancer, mas o bico com os animais continuou. Passou a ser um complemento, que hoje chega a R$ 1.500 por mês, segundo ela.

A jovem divulga seus serviços pelo site Pet Anjo. Segundo a veterinária responsável pela empresa, Carol Rocha, não há pré-requisito para se inscrever, mas os candidatos devem fazer um curso online de 15 horas, que é pago, e passar por um processo seletivo. Atualmente, o site tem 200 profissionais cadastrados.

Sem emprego, mas com bicos – Eduardo Rocha, 41, perdeu o emprego de supervisor de manutenção em uma empresa de aço no final de 2013. Decidiu aplicar o conhecimento que aprendeu na indústria para fazer bicos e virou marido de aluguel.

Mesmo sem a segurança de um emprego fixo, no primeiro ano ele não sentiu o bolso apertar. “Estava empatando o que ganhava na indústria, tranquilamente.” Além disso, trabalhando por conta própria ele conseguiu ter mais liberdade.

Rocha anunciou seu trabalho no site Bicos, que tem oferta de diversos serviços: motorista, carreto, aulas particulares, DJ, churrasqueiro, cabeleireiro e manicure em domicílio, etc..

Qualquer profissional pode se cadastrar para oferecer seus serviços, e o contato é feito diretamente entre cliente e profissional. Os clientes podem avaliar o trabalho realizado e ajudar novos consumidores a escolherem um profissional pela plataforma.

Não estão sobrando bicos – A crise, porém, também tem afetado o mercado de bicos. O Bicos foi criado no início de 2015 e hoje tem cerca de 50 mil usuários cadastrados, entre profissionais oferecendo serviço e clientes contratando, em 421 cidades, segundo Kleber Costa, um dos sócios.

Apesar de esperar dobrar o número de usuários até o final do ano, Costa afirma que o setor tem sentido a economia enfraquecida. “A crise tem afetado sem dúvida nenhuma todos os setores econômicos”, diz.

Para Rocha, a crise apertou em meados do ano passado. “Caiu uns 40% [a quantidade de trabalho] no geral, do final do ano passado para cá”, afirma.

Muitas apostas – Thales Barbosa Ioshimoto, 28, é formado em design gráfico e tem pós-graduação em assessoria de comunicação em mídias. Trabalhava na área de marketing de um salão de beleza, mas foi demitido em novembro.

“Precisei ver de que forma conseguiria ganhar dinheiro até voltar a trabalhar”, afirma. Passou a fazer brownie por encomenda. Paralelamente, começou oferecer serviços de cabeleireiro e garçom, entre outros.

No começo, conta que conseguiu alguns trabalhos, principalmente como diarista, mas já não é chamado há alguns meses. “Hoje a confeitaria está dando mais sustento”, afirma.

Mesmo assim, ele diz que está ganhando cerca de metade do que conseguia quando tinha emprego fixo. “Ainda estou lutando para chegar ao mesmo patamar.”

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