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Tabagismo é principal causa de câncer de pulmão
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emO câncer de pulmão é um dos tipos mais comuns da doença. Segundo estimativas de 2023 do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o terceiro mais comum em homens (18.020 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (14.540 casos novos), sem contar o câncer de pele não melanoma. O câncer de pulmão é o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres. Em mortalidade, é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres, segundo estimativas mundiais de 2020, que apontou incidência de 2,2 milhões de casos novos, sendo 1,4 milhão em homens e 770 mil em mulheres.
Quando o câncer se origina nas células pulmonares, é chamado de câncer de pulmão primário, sendo classificado de acordo com o tipo de célula do qual ele surgiu. De acordo com a oncologista da Oncologia D’Or Martha Mesquita, essa classificação é importante, pois os dois principais tipos de cânceres de pulmão crescem de forma diferente e, consequentemente, possuem prognóstico e tratamento diferentes. “O câncer de pulmão de células não pequenas é o tipo mais comum, responsável por cerca de 85% de todos os casos. O câncer de pulmão de células pequenas é o tipo menos comum, representa cerca de 10 a 15% dos diagnósticos”, explica Martha Mesquita.
Segundo o oncologista da Oncologia D’Or Lucianno Santos, o tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Todas as medidas voltadas para a conscientização da população, principalmente dos mais jovens, são essenciais para a prevenção do câncer de pulmão. “Como o ato de fumar é uma decisão individual, torna-se imperativo educar e conscientizar as pessoas dos riscos envolvidos no ato de fumar. Disseminar a boa informação pode levar a redução do número de novos fumantes, bem como ajudar a cessar o tabaco naqueles que são tabagistas”, afirma Lucianno Santos.
O câncer de pulmão pode ser considerado uma doença inicialmente silenciosa. Em sua maioria, pacientes são assintomáticos nas fases iniciais da doença. Os sintomas normalmente só aparecem quando o câncer já está em uma fase mais avançada, podendo ser notado com tosse seca e persistente, dificuldade para respirar, falta de ar, cansaço excessivo, dor no tórax e perda de peso sem causa aparente.
Segundo o oncologista Lucianno Santos, o diagnóstico precoce está diretamente relacionado à chance de cura do paciente com câncer de pulmão. Quanto menor a doença maior a chance do paciente ser curado com o tratamento especializado. Por este motivo a importância de manter consultas de rotinas. “Pacientes tabagistas devem procurar um especialista em busca de programas de rastreamento e detecção precoce do câncer de pulmão, mesmo na ausência de sintomas. Esses especialistas podem ser o pneumologista, cirurgião torácico ou oncologista clínico. Pacientes sintomáticos com tosse prolongada, dor torácica e, principalmente, falta de ar devem procurar o especialista mesmo que sejam não tabagistas”, explica o oncologista.
Atualmente é possível presenciar diversos jovens que utilizam o cigarro eletrônico no lugar do convencional. De acordo com a oncologista Martha Mesquita, a principal diferença entre os dois está no modo de funcionamento, que também determina as substâncias que acabam absorvidas pelo fumante. “O cigarro comum funciona a combustão. Quando ocorre a queima do fumo, ele solta substâncias que são inaladas na fumaça e absorvidas pelo organismo do fumante e das pessoas próximas a ele. A principal particularidade do cigarro eletrônico é que ele funciona com baterias e sem a necessidade da queima. É uma espécie de dispositivo “vaporizador” de aromas, sabores e outros produtos químicos: álcool, glicerina e, na maioria deles, nicotina.” Segundo a médica, ambos são considerados prejudiciais à saúde. “Tanto o cigarro comum quanto o cigarro eletrônico induzem o fumante à dependência química, especialmente por causa da nicotina. Não se pode dizer que o cigarro eletrônico tem menos substâncias tóxicas do que o cigarro comum. Isso pode ser verdade ou não dependendo do que o indivíduo adiciona à mistura. A principal diferença entre os dois é que o cigarro eletrônico não possui o alcatrão e não produz monóxido de carbono, que são, realmente, tóxicos. O cigarro comum tem mais de 7 mil substâncias na sua composição – sendo muitas delas cancerígenas – e a nicotina, que causa dependência. No eletrônico, embora não haja alcatrão, há outras substâncias químicas,” afirma.
Para o oncologista Lucianno Santos, apesar de diferente na forma, o cigarro eletrônico tem a capacidade de ser bastante nocivo à saúde das pessoas. “Estudos mais recentes trazem evidências de que o cigarro eletrônico está relacionado com doenças respiratórias e parece também haver indícios de risco ao desenvolvimento do câncer de pulmão, lembrando ainda que precisaremos de mais tempo para conclusões mais sólidas a este respeito. Ambos também são prejudiciais para o fumante passivo. Tornar o odor da fumaça mais agradável constitui uma tática para arregimentar mais usuários”, afirma o oncologista.