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Tabuleiro de damas abre espaço para debater mundo virtual

Se dinheiro na mão (disse o poeta) é tentação, equipamento eletrônico na mão de criança (ouvi isso) é preocupação. Cheguei a essa conclusão dia desses, quando engatei a primeira em minha cadeira de rodas motorizada (na verdade, empurrada por uma bateria) e fui dar um rolé pelas calçadas da vizinhança, embora meio que aos trancos e barrancos que provocam incômodos, como buracos, carros mal estacionados e acessibilidade difícil em alguns pontos.

Parei em uma praça próxima à minha casa. Olhei ao redor e vi dois rapazes em volta a um tabuleiro de damas (de longe, imaginava ser xadrez, jogo que domino o movimento das peças até com certa destreza). Apresentei-me e pedi permissão para ver o jogo, prometendo não dar pitaco.

Os rapazes jogavam e conversavam. O tema eram os jogos eletrônicos tão em voga em equipamentos celulares utilizados por crianças e adolescentes. Diziam os dois ‘damistas’ sobre o lado bom e o lado ruim dessa tecnologia.

Ao apresentar-me, eles se apresentaram. Chamam-se João Sergio e Antônio Muller.

– Qual a sua opinião sobre esse mundo moderno em vivemos? indagou Antônio ao amigo.

A resposta de João Sérgio, após um breve intervalo, foi de que não entendia muito disso. Mas, ponderou, “me causa uma certa preocupação ver esses jovens com a cara o tempo nesses celulares como se fossem ‘zumbis modernos’ andando pelas cidades, praças, quadras e ruas sem sequer olhar para a frente, arriscando-se, mesmo, a um esbarrão em alguém, tropeçar num deslize da calçada ou dar com a cabeça em uma árvore”.

Ouvi e pensei cá com meus botões, como sofrem os “anjos da guarda” dessa juventude internetizada, o dia inteiro conectada no virtual, e desconectada da realidade do mundo à sua volta.

Antônio voltou ao questionamento: o que podemos fazer para remediar essa situação? Proibir? Defender diretrizes que limitem o tempo de crianças e adolescentes permanecerem on line no virtual, sem prejudicar-se no mundo real? São tantas questões a serem propostas, pois, do jeito que está, não pode continuar, disse o rapaz com ares de preocupação.

Pois é, respondeu João, acrescentando outra indagação: será que nossos governantes também são “zumbis modernos”, para não se darem conta dessas questões complexas, de tamanha importância? Como nós, reles mortais, podemos intervir em favor dessa nova geração em constante crescimento rumo a um futuro incerto?

Pedi um aparte. Os rapazes (aqui, força de expressão, pois são quase senhores, na minha faixa etária, aí pelos 40, 45 anos) viraram olhos e ouvidos em minha direção. Vendo o interesse demonstrado por ‘minha plateia’, por mais que não passasse de uma dupla, ponderei que as redes sociais e plataformas digitais, a exemplo do Facebook, Instagram, Twitter (ops, agora só X), grupos de WhatsApp e outros mais, deveriam oferecer recursos necessários para monitorar com maior atenção crianças e adolescentes.

João e Antônio acenaram positivamente com as cabeças. E acrescentei sinalizando que essa responsabilidade não deve ser atribuída apenas a pais e professores. É um papel crucial no desenvolvimento desses ‘zumbis modernos’, defendi, que deve ser enfrentada pelo governo, regrando o segmento com normas suaves, mas sem imposições. A consciência, concluí, vem em primeiro lugar.

João Sergio e Antônio Muller demonstraram interesse em avançarmos sobre o tema. Acertamos um breve encontro, no mesmo local, para iniciarmos um trabalho de conscientização como formiguinhas, até alcançarmos nosso objetivo. No feriado de quinta, 12, recebi uma mensagem de ‘zap’ do João. Marcamos uma conversa para o domingo, 15. Acho que vamos ajudar em alguma coisa. Atrapalhar, com certeza, não passa por nossas cabeças.

Para encerrar: lembre-se, caro internauta, que sou o André, uma ‘verdadeira montanha’ de força de vontade. Notibras abriu este espaço para pessoas como eu, como você. O espaço é nosso. Se desejar interagir, mande sugestões, mande seus textos. Meu contato (WhatsApp) é +55 61 98425-4895.

 

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