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Tancredo costurava uma conversa, mas Ulysses chegava e derramava o caldo

José Escarlate

Tancredo era um homem do diálogo. Para muita gente, uma raposa política, que compunha até com a ditadura. Mas o primeiro a fazer oposição à ditadura foi ele. Tancredo, sempre foi elegante.

Na noite em que Auro de Moura Andrade declarou vaga a Presidência da República, no Congresso, na derrubada de João Goulart, Tancredo perdeu a cabeça e tentou agredi-lo aos gritos de “canalha, canalha”.

Aos jornalistas disse depois que tinham entregado o Brasil a uma ditadura de 20 anos. E não errou a duração. Poderia ter se engajado na Arena, mas foi oposição durante toda a ditadura.

Juscelino, antes de morrer, chamou à fazenda de Luziânia o Thales Ramalho, secretário do MDB, que tinha participado de uma reunião secreta com Ulysses Guimarães e o Golbery, na qual o general expôs o plano de abertura que Geisel pretendia executar.

Pediu ao Thales para lhe contar tudo. Depois de ouvir, lamentou que tivesse sido Ulysses, e não Tancredo, a participar da reunião. “Tancredo é quem sabe conduzir uma conversa”, comentou. Realmente, Ulysses entornou o caldo ao chamar Geisel de Idi Amim branco.

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