O Ministério Público Federal e a Polícia Federal – os lados sérios, e não aqueles que vivem no entorno do presidente da República – precisam se debruçar urgentemente sobre as falas de Jair Bolsonaro a respeito, palavra do capitão, de ter ‘pintado um clima’ com adolescente de 13 e 14 anos, e a acusação de que jovens venezuelanas, acolhidas em um centro social, estão prontas para se prostituírem.
As palavras do presidente não deixam dúvidas. São gravíssimas. As investigações podem partir de três premissas: ele tarado, pedófilo ou cafetão. O sentimento de indignação revelado com o que disse Bolsonaro, numa entrevista para um grupo de influencers com canais no Youtube, pode ser traduzido como revolta. Por muito menos, tem gente cumprindo pena de prisão. E Bolsonaro, pelo cargo que ocupa, não pode ser exceção.,
O presidente precisa ser investigado, enquadrado e punido. E logo. Isso, por exemplo, é o que pensa o deputado distrital Leandro Grass (PV), que encaminhou ao procurador-geral da República Augusto Aras, um ofício pedindo providências para investigar a conduta de Bolsonaro nos caso relatado de contato com meninas adolescentes em São Sebastião, região de classe média baixa na capital da República.
Na conversa com os apresentadores do canal do YouTube Paparazzo Rubro-Negro, veiculada na sexta-feira (14), Bolsonaro afirmou que “pintou um clima” ao ver três ou quatro adolescentes de 14 e 15 anos, que “seriam bonitinhas e arrumadinhas”. O presidente também disse que pediu para ir à casa das jovens e lá encontrou um grupo de venezuelanas que estariam “ganhando a vida”, em referência à suposta prática de prostituição.
No documento protocolado no sábado, 15, Leandro Grass reforça que tão grave quanto a insinuação de ter havido “um clima” entre as adolescentes e um homem de 67 anos é o fato de ele ter eventualmente identificado exploração de menores na casa que diz ter visitado e encontrado até 20 meninas “se arrumando para ganhar a vida” e não ter feito uma denúncia formal para as autoridades competentes.
Para o deputado distrital, trata-se de um caso “gravíssimo” que precisa ser apurado. “As ações do presidente da República precisam ser investigadas, para que se verifique o que de fato ocorreu após ter ‘pintado um clima’, as condições em que se deram a entrada na residência em que estavam as adolescentes venezuelanas e quem administra o local”, aponta Leandro Grass. Ele acrescenta que é fundamental que se investigue se há de fato uma
atividade ilícita envolvendo as adolescentes para “ganhar a vida” no ambiente citado.
Dessa vez Bolsonaro não viu fantasmas pela frente. Crianças bonitas, charmosas, têm direito a viver dignamente, independente da sua classe social. E se foram importunadas, por palavras e olhares mal intencionados, significa que o presidente pode ver o sol nascer quadrado durante muitas alvoradas que se aproximam. Dpois desse episódio, ninguém sabe o que passa pela cabeça dele quanto meninas-moças desfilam na Esplanada em comemoração ao 7 de Setembro.