Um consórcio britânico de empresas parece ter a solução para quem quer se aventurar no turismo espacial com pouco dinheiro – mesmo que à distância.
Sob o nome de Lunar Mission Limited, o grupo quer fazer uma vaquinha para enviar à Lua em 2024 uma sonda que estudaria condições para o estabelecimento de bases no satélite terrestre. O consórcio tentará custear a conta de cerca de R$ 2 bilhões com “crowdfunding” – pequenas doações pela internet.
Em troca do dinheiro, doadores poderiam ter fotos suas, assim como textos e mesmo amostras de DNA, colocadas numa cápsula para ser enterrada na superfície lunar.
O objetivo maior da Lunar Mission, porém, é fazer um estudo geológico do Polo Sul lunar e investigar as condições para a construção de bases para abrigar humanos.
Alguns dos cientistas mais famosos da Grã-Bretanha, como o astrofísico e apresentador de TV Brian Cox e o astrônomo-real, Lord Rees, endossam o projeto.
David Irons, diretor do consórcio e um conhecido investidor da City, o centro financeiro de Londres, diz ter criado o projeto ao ler sobre as dificuldades orçamentárias enfrentadas por governos para financiar programas espaciais.
“Qualquer um no mundo agora poderá participar. A missão fará uma grande contribuição para nosso conhecimento sobre a Lua”, disse Irons à BBC.
A Lunar Mission Ltd espera levantar cerca de R$ 2 milhões já nas próximas quatro semanas, usando o site de crowfunding Kickstarter, para dar início ao projeto.
Nos próximos quatro anos, o público poderá comprar lotes virtuais no computador da sonda para armazenar mensagens de texto, fotos, músicas e vídeos. Também poderão pagar para ter um fio de cabelo colocado na cápsula a ser enterrada no satélite natural da Terra. Segundo os cientistas envolvidos no projeto, o material poderá resistir por 1 bilhão de anos.
Mandar o fio de cabelo custará cerca de R$ 200, ao passo que R$ 600 garantem o envio de um vídeo.
A sonda também levará uma espécie de enciclopédia sobre a história humana que a Lunar Mission Ltd espera ser uma espécie de “cópia back-up” para o caso da população humana se extinguir.
“Mais do que apenas assistir à missão, as pessoas podem participar dela, e não apenas com o financiamento”, explicou Irons, acrescentando que os investidores poderão participar de decisões como a escolha do local de aterrissagem da sonda.
No plano científico, a missão tentará fazer escavações no solo lunar para analisar amostras do subsolo, em profundidades de pelo menos 20 metros, 10 vezes mais do que em missões anteriores ao satélite, incluindo as tripuladas do projeto Apollo da Nasa.
No mês passado, a exploração privada do espaço sofreu um duro golpe com um acidente no voo de teste da SpaceShip Two, aeronave com que o bilionário britânico Richard Branson esperava dar início a uma nova era do “turismo espacial”.