Marta Nobre, com Agências
Lava Jato, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Economia Forte. Essas foram as palavras de ordem de Michel Temer em seu primeiro pronunciamento no Palácio do Planalto, após assumir a Presidência da República com o afastamento de Dilma Rousseff, alvo de impeachment. Os programas sociais dos governos anteriores, como o Bolsa Família, e a continuidade da Operação Lava Jato, estão garantidos. Palavra de Temer.
“Portanto, reafirmo: vamos manter os programas sociais. O Bolsa Família, Pronatec, Fies, Minha Casa Minha Vida e muitos outros deram certo e terão sua gestão aprimorada. Não temos que destruir o que foi feito pelos outros governos. Pelo contrário, devemos prestigiar aquilo que deu certo”, prometeu.
Sobre a Lava Jato, Temer disse que a operação da Polícia Federal “tornou-se referência, e daremos proteção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la”. O presidente interino aproveitou para dizer que respeita a presidente afastada Dilma Rousseff, com “respeito institucional”, sem querer entrar em detalhes nos motivos que a afastaram.
Ele iniciou o discurso pedindo confiança aos brasileiros. “Confiança nos valores que formam o caráter de nossa gente, na vitalidade de nossa democracia, na recuperação da economia, nos potenciais do nosso país, nas instituições sociais e políticas”.
Com o salão lotado de políticos, Temer destacou que pretende manter uma boa relação com a classe. “Queremos uma base parlamentar sólida, que nos permita conversar com a classe política e também com a sociedade. É preciso governabilidade. E governabilidade exige aprovação popular ao próprio governo. A classe política unida ao povo conduzirá ao crescimento do país. Todos os nossos esforços estarão centrados na melhoria dos processos administrativos, o que demandará maior eficácia da máquina governamental”, argumentou.
A expressão “Ordem e Progresso”, presente na bandeira do Brasil, é considerada por Temer como o slogan do seu governo. “A expressão da nossa bandeira não poderia ser mais atual”, disse antes de acabar seu pronunciamento.
No final de seu discurso, o presidente interino diz que quer fazer um governo “fundado em alto critério religioso”. “Vamos religar toda a sociedade com os valores fundamentais do país”, afirmou, pedindo que Deus abençoe a todos.
O discurso teve também vários recados sobre a situação econômica. Em seu pronunciamento, citou a crise que começou no governo Dilma e assegurou que as eventuais mudanças na lei trabalhista e na aposentadoria não vão afetar direitos adquiridos dos trabalhadores.
“Tenho compromisso com reformas, mas quero fazer uma observação. Nenhuma das reformas alterará os direitos adquiridos pelos cidadãos brasileiros”. Ele disse que vai respeitar a Constituição e ouvir a sociedade antes de qualquer mudança.
Temer disse que uma das prioridades é cortar gastos e recuperar as finanças do governo. Para isso, deu como primeiro exemplo a redução no número de ministérios –agora são 23, contra 32 de Dilma– e revelou um plano para cortar “milhares” de cargos sem concurso público no governo federal.
Entre idas e vindas, o evento de início de governo, que também deu posse aos ministros, foi marcado por adiamentos de horário e mudanças de local.