Renan Truffi e Igor Gadelha
A popularidade do governo do presidente da República, Michel Temer, caiu, mais uma vez, entre julho e setembro deste ano e atingiu o nível mais baixo da série histórica, de acordo com pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta quinta-feira, 28. Sequer os presidentes do regime militar tiveram tanta rejeição.
A aprovação do governo caiu de 5% para 3% nos últimos dois meses, de acordo com a pesquisa, ante 7% na gestão Sarney, entre junho e julho de 1989, até então o nível mais baixo registrado. Temer superou também o final do governo Collor, que registrou 12% em agosto de 1992, e o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve 9% entre junho e dezembro de 2015.
A avaliação negativa do governo Temer aumentou de 70% para 77%, entre março e julho deste ano, ante 64% no governo Sarney, entre julho de 1989; 59% no final do governo de Fernando Collor, em agosto de 1992; e 70% no governo Dilma, em dezembro de 2015.
A atuação do governo Michel Temer em relação aos impostos teve a pior desaprovação entre as nove áreas pesquisas. A desaprovação nessa área atingiu 90%, ante 87% no levantamento semelhante realizado em julho deste ano.
A segunda área com maior desaprovação é a taxa de juros, desaprovada por 87% dos entrevistados. O porcentual aumentou em relação a julho (84%), mesmo após o Banco Central anunciar, no início de setembro deste ano, oitavo corte consecutivo na taxa básica de juros da economia (Selic) para 8,25% ao ano, o menor nível para a Selic desde maior de 2013.
A terceira área mais desaprovada pelos entrevistados é a saúde, com 86% de desaprovação em setembro. As políticas do governo Temer para segurança pública e combate ao desemprego aparecem em seguida no ranking, desaprovadas por 85% dos entrevistados cada uma. A atuação do governo para combater a fome, por sua vez, foi desaprovada por 85% da população.
Ainda de acordo com a pesquisa, a desaprovação das políticas de combate à inflação e a educação alcançaram 81% em setembro. As políticas do governo na área do meio ambiente tiveram a menor desaprovação em setembro, de 79%. Apesar de ser a menor, o resultado representou crescimento de nove pontos porcentuais ante julho e ocorreu em meio ao decreto presidencial extinguindo a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), que, após repercussão negativa, foi revogado.
Corrupção – Na última pesquisa, em julho, as notícias mais lembradas sobre o governo Temer já eram sobre “corrupção”, com 16%. Dois meses depois, esse porcentual aumentou para 23%, seguida pelo noticiário Operação Lava Jato, que passou de 9% para 11%.
A apreensão de malas e caixas contendo R$ 51 milhões na casa do ex-ministro Geddel Vieira Lima foi o terceiro fato mais lembrado, citado por 7% dos entrevistados. No total, 44% dos entrevistados mencionam algum notícia relacionada à corrupção, sendo que 9% citaram casos que envolvem diretamente o presidente.
A quarta notícia mais lembrada sobre a gestão peemedebista foi a liberação para exploração de áreas na Amazônia, fato debatido em torno da edição do decreto da Renca. Após a repercussão negativa, Temer recuou desse decreto, mas a notícia foi lembrada por 5% dos ouvidos na pesquisa. “Isso ajudou a piorar a avaliação do governo”, afirmou Renato da Fonseca, gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI.
Cerca de 34% dos consultados na pesquisa não souberam ou não responderam qualquer notícia quando questionados sobre o tema.
A pesquisa foi realizada de 15 a 20 de setembro deste ano. O levantamento ouviu 2 mil pessoas em 126 municípios. A margem de erro estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. O nível de confiança utilizado é de 95%.