Marta Nobre, Edição
Socialista por natureza, mas defensor intransigente da ordem. Esse o perfil do deputado pernambucano Raul Jungmann, já definido como futuro ministro da Defesa num eventual governo Michel Temer. Fundador do PPS, o parlamentar é um dos mais ferrenhos críticos de Dilma Rousseff e do PT, e contumaz oponente de invasões de terras e manifestações violentas, como as que eventualmente são promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Ruais Sem Terra (MST).
Jungmann é conhecido como combatente do MST, que defibne como um partido leninista abrigado no seio do PT. “O movimento tem caráter antidemocrático; segue o exemplo dos antigos partidos comunistas”, afirmou em recente entrevista.
A definição pelo nome de Jungmann ficou acertada após a desistência do senador Cristovam Buarque, também do PPS, de ocupar o Ministério da Cultura. Sem Buarque, Jungmann passou a ser o único nome do partido no páreo para ocupar o primeiro escalão do novo governo.
Ex-ministro da Reforma Agrária e ex- presidente do Ibama no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Jungmann estudou e acompanhou de perto assuntos ligados à Defesa, tanto no Congresso Nacional quanto em contato direto com o ex-ministro da área nos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma (PT), seu amigo Nelson Jobim (PMDB), responsável por ter implementado o ministério na prática.
Jobim era o preferido por Temer para voltar à pasta da Defesa, mas preferiu ficar fora do novo governo, alegando, por exemplo, que sua atuação como advogado-consultor de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato poderia dar munição a adversários do vice e dele próprio.
Ouvido, o ex-ministro acertou que dará apoio ao governo como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão”, e apoiou o nome de Jungmann “com entusiasmo”, segundo articuladores políticos.
A intenção de Temer é manter os atuais comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que foram consultados informalmente sobre o nome de Jungmann para a Defesa. Eles têm o compromisso de não se meterem em questões políticas, nem assumir qualquer lado.