Segura a onda
Temer diz que não existe feitiço que salve economia
Publicado
emTânia Monteiro
Em discurso de cumprimentos de fim de ano aos militares das Forças Armadas, o presidente Michel Temer disse que “não há mais espaços para feitiçarias” como “imprimir dinheiro, maquiar contas e controlar preços”. Afirmou também que seu governo não vai ceder a “soluções fáceis e ilusórias” porque “se não promovermos as reformas ficaremos presos no atoleiro das irresponsabilidade fiscal” e “o Estado quebra”. Temer alfinetou os governos anteriores ao dizer que “os que mais sofrem com os arremedos do passado são os mais pobres” e destacou que está “enfrentando os problemas de frente”.
Em busca de uma agenda positiva, Temer, que estava no seu terceiro evento do dia e o segundo ao lado da primeira-dama Marcela, lembrou que seu governo é de pouco mais de dois anos e que poderia “ficar comodamente instalado nas mordomias da Presidência e nada patrocinar”. Com isso, prosseguiu, “não teria embates, nem controvérsias, nem contestações e seguiria tranquilo seu caminho”. O presidente que viu hoje a sua popularidade mais uma vez despencar nas última pesquisa CNI/Ibope disse que optou por outro caminho que não visa o apoio popular fácil.
“O caminho certo, que estamos todos trilhando, nem sempre é o mais popular. A nossa responsabilidade não é buscar aplausos imediatos. A nossa missão não é buscar aprovação a qualquer preço. Nosso compromisso é desatar os nós que têm comprometido o nosso crescimento econômico”, disse. E emendou: “seria confortável se chegasse e com dois anos de governo dissesse: não vou me preocupar com teto dos gastos, não vou me preocupar com a reformulação da Previdência porque a velhice só será garantida se reformularmos a Previdência”.
O presidente citou o pacote econômico lançado ontem e lembrou que deu passos decisivos nesta semana para por ordem nas contas públicas, reanimar a economia e tirar o País da crise política permanente “o momento é de manter o rumo”. E emendou: “já enfrentamos dificuldades no passado”. “O Brasil é maior do que a crise, é uma verdade. Sabemos que agora não será diferente. Enfrentaremos os desafios e os superaremos para atingir o patamar de desenvolvimento”, acentuou.
Militares e Previdência – Temer, depois de dizer que “2017 será melhor do que este ano”, salientou que ele e o Brasil sabem que podem contar com as Forças Armadas. Temer não deixou também de agradecer ao Congresso, que aprovou as medidas defendidas pelo governo e disse que a “palavra chave é o diálogo”.
Em sua saudação aos militares, o presidente defendeu que a exclusão das Forças Armadas da reforma da Previdência, reconhecendo que a carreira tem diferenças que precisam ser reconhecidas. Para o presidente, a diferenciação dos militares que lhes permite uma sistema especial de tratamento está previsto na própria Constituição.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, também defendeu uma legislação especial para os militares. Segundo ele, suas funções, responsabilidades e riscos não podem ser comparados a outras categorias e que deixá-los de fora da reforma “não se trata de privilégio” porque as Forças Armadas não têm sistema previdenciário, mas de proteção social. O ministro da Defesa destacou ainda o “papel exemplar” das Forças Armadas “neste quadro complexo que vive a Nação”.
Forças Armadas – O comandante da Marinha, Eduardo Bacelar Leal Ferreira, anfitrião do encontro, citou a crise enfrentada pelo País e ofereceu apoio das Forças Armadas. “Estamos todos no mesmo barco, no grandioso, no complexo navio chamado Brasil, de difícil manobra, mas forte e resistente e, acima de tudo, fascinante”.
Fazendo um paralelo com a vida no mar, o comandante disse que “esse navio está enfrentando mares escalpelados e ventos fortes”. E ressaltou, aproveitando para fazer um afago no presidente Temer, ao dizer que confia na sua forma de conduzir o País.
“Nesta hora difícil, nós do Exército, da Força Aérea e da Marinha, que fazemos parte de sua enorme população, queremos assegurar que estamos nos nossos postos, atentos às ordens do comando, servindo à Pátria no limite de nossa capacidade e confiante que o timoneiro saberá bem conduzi-lo, vencendo a tempestade e fazendo voltar, em breve, a navegar em águas tranquilas”.