Guernica Tupiniquim
Temer se vira para vencer e espera 2,2 trilhões de fora
Publicado
emHermano Leitão
Governar o Brasil no fim de um ciclo e reinício pós apocalíptico político não é para fracos. Aqui e lá fora, a esquerda virou poeira de um passado que a condena por incapacidade de gerar riqueza e destruir o patrimônio público em favor de seus camaradas. Com essa decadência da esquerda, o quadro da política recebe os matizes de quem ainda tem capacidade de lançar traços fortes sobre a tela do futuro do país.
O presidente Michel Temer, no momento, é o Picasso que pode dar cores a um pós Guernica da política brasileira se escolher figuras sem braços decepados por delações da sorte.
Os indícios de que pode realizar uma obra prima foram vistos na rápida composição de governo pós impeachment sob temeridade de convulsão social, enfrentamento da herança maldita do PT, estancamento do processo de depressão econômica, contenção da inflação, encaminhamento da retomada do crescimento, reanimação da confiança do consumidor, por meio de proposição de medidas, em síntese, de reequilíbrio fiscal.
Nessa perspicere, o desenho no quadro político deverá levar em conta os reflexos da operação Lava Jato como elementos projetivo variável, além das reformas da previdência, trabalhista e, sobretudo, observar a repercussão das medidas a serem implementadas diferentemente do que foi postulado pelos métodos tradicionais, mensalão, petrolão, eletrolão, etc.
Elite carioca – Outrora considerados figuras ilustres no cenário político nacional e ícones dos privilégios concedidos pelo Governo Federal nas gestões do PT – Lula e Dilma -, a elite da política carioca sucumbe à realidade da completa falência do Estado do Rio de Janeiro.
Em razão de uma longa fila se encaminhar para as alas do presídio de Bangu, Michel Temer lavará as mãos para não se impregnar com a tisna dos escândalos de corrupção do PMDB do Rio. Os sobreviventes da bancada do Partido de 66 deputados eleitos em 2014 para a Câmara serão alinhados no centrão em meio ao sobreamento de Leonardo Picciani, ministro dos Esportes.
Nessa pintura, o único trunfo dessa ex-tropa de elite carioca é Rodrigo Maia (DEM), que se apresenta como candidato a presidente da Câmara na legislatura 2017/2018 e colaborador na implementação das medidas de austeridade do Executivo.
Se o PMDB de tom pastel for enquadrado nessa perspectiva, o horizonte será um déjà vu nas esferas de decisão no Legislativo e no Executivo.
Bicadas tucanas – Para colorir o Guernica, Michel Temer precisa das cores vibrantes dos tucanos. Como de santo o PSDB não tem nada, a concessão de apoio aos planos do presidente tem mais a ver com a sucessão presidencial, ou seja, a troca de apoio nas eleições presidenciais em 2018 e plano “B” para a sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara.
No campo interno, o PSDB traça até o plano “X/Z/Y” para lançamento a presidente de João Dória, Bruno Covas ou Bruno Araújo, em caso de eventual inviabilidade de Aécio, Alckmin e FHC. A ideia do PSDB é matizar o conceito de prosperidade por meio da responsabilidade fiscal e da prosperidade na concessões de serviços públicos não essenciais como forma de governar e distribuir renda. Temer, assim, assumirá as cores tucanas para permanecer no plano piloto no comando.
Business Services – Temer sabe que o quadro político estável para a boa condução do governo e implementação das reformas necessárias também depende da recuperação da economia devastada pela irresponsabilidade fiscal dos últimos anos.
Com essa perspectiva, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, empossado na última semana apresentará à área econômica do governo projeto de parceria com as 100 maiores empresas em atividade no Brasil, intermediadas pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), denominado Brazilian International Spring Fairs.
O projeto compreende a edição em abril e maio de 2017 de 10 feiras de empreendimento e de divulgação de oportunidades de investimentos intensivos no país, que incluem os leilões de infraestrutura do Programa de Parceria em Investimento (PPI). Os eventos serão realizados na Alemanha (duas), China, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, México e Suiça.
O diferencial desse projeto em relação às outras edições é a simultaneidade dos eventos e o suporte logístico e de comunicação do governo federal, para que as empresas alavanquem negócios na ordem de US$2,2 trilhões no biênio 2017/2018.
Com essa cifra, o quadro final será uma pintura impressionista, bem a gosto das adesões políticas e das ações daqueles que pretendem chegar bem retratados na sucessão presidencial em 2018.